– Esse leão é horroroso, é um monstro. Tem de ser derrubado a marretada.
A avaliação do escultor José Francisco Alves, professor do Atelier Livre e autor do livro A Escultura Pública em Porto Alegre, reverbera a irritação da comunidade artística da Capital. Há cerca de três meses, um leão de concreto que atinge 2m10cm de altura foi misteriosamente instalado na Praça Jaime Telles, na esquina da Avenida Bento Gonçalves com a Rua Santana.
O monumento – que mais parece uma decoração de jardim – não passou pela Comissão de Avaliação de Obras de Arte do Município, da qual José Francisco e outros artistas fazem parte. Presidente da Associação dos Escultores do Estado, Vinicius Vieira diz que leões como esse são pré-fabricados e vendidos em lojas.
– Não é uma obra pensada para aquele lugar. Foi adquirida em outro local e instalada em uma área de grande circulação de pessoas. Nem sequer tem autoria.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) informou que a estátua, batizada com o estapafúrdio nome de Obelisco Leonístico, homenageia os 50 anos do Lions Clube de Porto Alegre Bento Gonçalves. Segundo a nota da Smam, o leão estava instalado originalmente nas proximidades da Bento com a Aparício Borges, mas foi removido por conta das obras no Viaduto São Jorge.
– Só que a Comissão de Avaliação de Obras de Arte precisa ser consultada em casos de transferência – diz o professor José Francisco Alves. – E, sinceramente, não lembro de ter visto esse troço em outro ponto da cidade. Até porque, se alguém tivesse visto, já teria mandado tirar.
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