*Luciano Potter, titular desta coluna, está de férias.
A voz que me atende é tão suave e confortante, que chego a lamentar o pouco tempo para ouvi-la. Peço à moça que, por favor, me passe Andressa Urach.
Já tinha entrevistado Andressa no ano passado, quando ela almejava ser musa da Copa. Uma gritaria; lembro de ter desligado o telefone tonto. Penei para cortar todos os palavrões que ela enfileirava em meio a frases como "se pego um homem que nem pode me pagar um sushi, me atiro da ponte".
E agora, veja só, a moça da voz doce me diz que é a própria Andressa quem fala.
Aos 27 anos, ela recém lançou a biografia Morri para Viver - Meu Submundo de Fama, Drogas e Prostituição (Editora Planeta, R$ 36,90). Conta que foi abusada pelo avô adotivo, teve seu primeiro orgasmo com um cachorro, perdeu a virgindade com o meio-irmão, ganhou milhões como prostituta, gastou boa parte em cirurgias plásticas - seu próximo passo seria cortar os dedos dos pés "para calçar sapatos menores" - e cheirou montanhas de cocaína. Também fez pacto com uma pomba-gira, que a deixava "mais selvagem na cama".
Sua busca doentia por fama e dinheiro terminou à beira da morte, em dezembro passado, após injetar nas pernas substâncias proibidas pela Anvisa.
- O médico sugeriu uma plástica para remover minhas cicatrizes, mas quero elas aqui. São para eu lembrar de onde vim - diz a nova fiel da Igreja Universal, assegurando que sexo, agora, só quando casar.
Pergunto quem garante que o livro não é outra de suas jogadas para aparecer.
- Eu também pensaria isso de mim. O tempo vai mostrar que não. Me liga daqui a um ano e você vai ver.
CHEGA: RESPEITEM AS MINAS!
Com uma câmera escondida, a repórter do jornal O Olho, do Piauí, registrou o festival de barbaridades que mulheres escutam na rua (imagem abaixo). Pedi para colegas aqui da Redação relatarem o que passam no dia a dia.
"Estava muito quente, então vesti um short para visitar minha avó, de bicicleta. Ouvi tanto desrespeito em quatro quadras, que dei meia-volta e botei uma calça de moletom. Me senti ridícula por fazer isso."
Raquel Saliba, 26 anos
"Não foi uma ou duas vezes, mas várias em que se colaram atrás do meu corpo para tentar apalpar qualquer parte. Quando vejo um homem, aperto o passo para guardar distância."
Nathália Carapeços, 23 anos
"Com um familiar internado, eu dormia na cama dos acompanhantes. Um técnico de enfermagem entrou no quarto e levantou meu lençol. Pensei em comunicar o hospital, mas a gente sempre pensa que será culpada."
Bruna Porciúncula, 37 anos
"Tenho adotado uma tática perigosa, porque facilita os assaltos, que é usar fones com música alta. Sem ouvir os assédios, meu medo e minha impotência diminuem um pouco."
Kyane Vives, 23 anos