Um impasse tremendo paira na América do Norte. Haverá ou não haverá a reunião da próxima terça-feira? O presidente Donald Trump aumentou ainda mais a tensão com o México nesta quinta-feira quando aconselhou o presidente mexicano Enrique Peña Nieto a cancelar sua visita a Washington caso não pretenda pagar pelo muro que será construído na fronteira entre os dois países.
"Se o México não quiser pagar o muro tão necessário, melhor que cancele sua próxima visita", afirmou o presidente magnata no Twitter.
Por sua vez, Peña Nieto voltou a dizer que não pagará pelo muro na fronteira dos EUA, como quer Trump, mas não comentou sobre se manterá a visita. Foi pressionado durante todo o dia por seus opositores a cancelar o encontro com Trump na Casa Branca, em retaliação ao decreto anunciado na quarta-feira por seu colega americano. À noite, fez um comunicado condenando a decisão de Trump. "Lamento e reprovo a decisão dos EUA de continuar a construção de um muro que que, longe de nos unir, nos divide", disse.
E continua Peña Nieto: "O México não acredita nos muros. Disse uma e outra vez, o México não vai pagar por nenhum muro. O México oferece e exige respeito, como a nação soberana que somos." Diz que orientará a defesa de seus cidadãos no Exterior e que sua equipe da Secretaria das Relações Exteriores discutirá com o Senado quais são "os próximos passos a tomar", mas não fez, ainda, menção à viagem. A declaração foi feita às 20h30 locais (0h30 de quinta em Brasília), quase 12 horas depois do anúncio de Trump e após receber fortes críticas da oposição a seu partido, o centrista PRI.
Nos bastidores da política mexicana, é dada como crescente a hipótese de Peña Nieto, efetivamente, cancelar a visita, principalmente depois que Trump recomendo a desistência caso não aceite pagar o muro.
O presidente da Câmara dos Deputados mexicana, Javier Bolaños (PAN, direita) e Francisco Martínez Neri, líder do PRD (centro-esquerda) na Câmara, defenderam que o encontro fosse adiado até que os três poderes mexicanos saibam o que fazer para lidar com a medida do republicano. Presidenciável do PAN, Margarita Zavala considerou uma ofensa ao México e afirmou que o presidente deveria reconsiderar o encontro. Definiu o "muro de Trump" como um monumento ao ódio e à intolerância, indigno de duas nações livres e democráticas." Candidato à Presidência em 2006 e 2012 e principal militante da esquerda mexicana, Andrés Manuel López Obrador, disse que vai recorrer a tribunais internacionais para impedir a construção da barreira. A uma emissora de TV, disse ao presidente americano que "seu muro nos agride e deixa a Estátua da Liberdade como lenda", antes de anunciar a ida "aos tribunais internacionais" e de emendar com um "viva a fraternidade".