Após muita apreensão no mercado, o governo federal publicou na sexta-feira editais autorizando os primeiros leilões para escoar a safra de trigo na Região Sul. Inicialmente, serão ofertados na próxima sexta-feira 215 mil toneladas nos três Estados. Para o Rio Grande do Sul, os leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e de Prêmio Para Escoamento de Produto (PEP) somam 100 mil toneladas – cerca de 5% da safra colhida.
– O anúncio veio muito tardiamente e em um volume tão insignificante que pouco mexerá no mercado – lamenta Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
A colheita do cereal nas lavouras gaúchas está praticamente no fim, restando poucas áreas nos Campos de Cima da Serra. Com o mercado paralisado até agora, os produtores estavam apenas conseguindo trocar o produto por insumos. O preço da saca de trigo classe pão tipo 1 está em R$ 30, enquanto o valor mínimo é de R$ 38,65.
Com volume excedente de 1 milhão de toneladas, o setor produtivo esperava que os leilões de PEP e Pepro contemplassem no mínimo 500 mil toneladas no Estado.
– Estamos praticamente em dezembro.
A medida atrasou muito e veio muito aquém do esperado - avalia o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires.
De acordo com o governo federal, foram negociados R$ 150 milhões para atender as operações de PEP e Pepro, com a previsão de outros cinco a seis leilões. Segundo o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), novos leilões serão autorizados nas próximas semanas.
– O mercado começará a se movimentar a partir de agora – avalia o parlamentar.
A contrariedade do setor com o baixo volume autorizado inicialmente deverá ser manifestada ao governo federal nesta semana.
– O receio é de que essa reação tenha impacto negativo no mercado, tudo o que o setor não precisa agora – diz o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS).