A França está em estado de alerta máximo contra ataques terroristas neste final de ano. No período de festas de Natal e de Réveillon, aumenta o risco de atentados contra a população. Entre os principais alvos, estão os movimentados mercados de rua natalinos, uma tradição nas principais cidades do país nesta época do ano, em aglomerações festivas ao ar livre que reúnem milhares de pessoas.
Enquanto as temperaturas nos termômetros baixam, sobe o grau de vigilância das autoridades. Ao longo do ano, foram detidos mais de 400 suspeitos de radicalização islâmica ou de ligação com o terrorismo, sendo 43 somente em novembro. O Departamento de Estado dos EUA, inclusive, recomendou nos últimos dias aos cidadãos americanos atenção redobrada em suas viagens ao continente europeu até 20 de fevereiro, em um contexto que não favorece a retomada do turismo na França.
Aliás, o comando da polícia de Paris e a prefeitura da Cidade Luz testam desde junho um aplicativo celular de alerta de atentado na capital francesa, dotado de um sistema de geolocalização. O aplicativo, que em breve deverá estar disponível ao público, será complementar ao sistema já existente em nível nacional, o Saip, lançado em meados do ano pelo Ministério do Interior.
Enquanto isso, os franceses não conseguem digerir por aqui a farsa da jovem Laura Ouandjli, mãe desempregada de 24 anos, que havia se apresentado como uma das vítimas do atentado de 13 de novembro de 2015 no bar Le Carillon, para obter indenização monetária do governo. Seu testemunho, acompanhado de um sólido dossiê, convenceu em um primeiro momento as autoridades. A desconfiança surgiu por um detalhe: ao relatar ter sentido a explosão da bomba dentro do bar, quando na verdade o ataque ocorreu via rajadas de kalashnikov.
A falsa vítima, que chegara a enfaixar o braço para fingir um ferimento, acabou confessando a mentira e foi condenada recentemente a passar um ano atrás das grades e a pagar 1 euro simbólico ao Fundo de Indenização das Vítimas do Terrorismo (FGTI). Até hoje, 2.437 vítimas dos ataques de 13 de novembro, as verdadeiras, foram indenizadas, num valor total de 44,6 milhões de euros.
Arte e terror
O célebre artista americano Jeff Koons vai ofertar à cidade de Paris uma obra monumental em bronze, aço e alumínio, com 12 metros de altura e 33 toneladas de peso, batizada de Buquê de tulipas. A criação representa uma mão feminina segurando um buquê de tulipas infláveis e coloridas – uma marca de fábrica de Koons – e se pretende como um gesto de amizade em homenagem aos franceses, abalados por consecutivos atentados.
O presente, ao custo de produção de 3 milhões de euros – financiado por mecenas americanos e franceses –, será instalado em frente ao Museu de Arte Moderna e ao Palais de Tokyo, em 2017. Mas não sem provocar alguma polêmica pelo fato de não ter havido algum tipo de consulta para sua implantação em nobre espaço público, uma visibilidade que servirá de publicidade à cotação do artista, uma das mais altas hoje do mercado de arte.
Já outro artista contemporâneo de renome, o francês Daniel Buren, se apropriou da fachada do prédio da galeria Aveline, na praça Beauvau, também endereço do visado Ministério do Interior francês e ao lado do Palácio do Eliseu, no coração de Paris. Buren desenhou a obra O grande losango: um enorme losango branco colorido em seu interior de azul, verde, amarelo e vermelho.
A intervenção arquitetural poderá ser vista até 10 de janeiro.
Provocação Oriental
Há várias razões para se fazer uma visita ao Le Bal, no número 6 do impasse de la Défense (75018), em Paris. O local é conhecido por seu simpático bar – reputado por seus disputados brunchs dominicais – e também por uma livraria repleta de interessantes títulos. Mas o Le Bal, fundado por, entre outros, o renomado fotógrafo Raymond Depardon, se reivindica sobretudo como um espaço de exposições e intervenções dedicado "à representação do real pela imagem em todas as suas formas": fotografia, vídeo, cinema, novas mídias.
Até o próximo dia 11, é possível admirar a bela mostra em torno da revista japonesa Provoke, que em apenas três edições, entre novembro de 1968 e agosto de 1969, tornou-se uma publicação cult por sua radicalidade no âmbito do protesto político, da arte e da performance, considerada como uma revolução na fotografia do Japão. Fica a dica.