Instalado à beira do Rio Sena desde 1793, o mais célebre museu da França – e o maior do mundo em termos de frequência – inaugurou uma nova fase nos últimos dias. Trata-se da primeira grande reforma promovida no Museu do Louvre após a construção da pirâmide de vidro e metal projetada pelo arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei, em 1989, bastante polêmica em seu início, mas que acabou se impondo como um símbolo do local. Desta vez, a ideia central foi tornar o Louvre mais acolhedor, acessível e informativo ao visitante.
A pirâmide, a porta de acesso ao museu, foi concebida, na época, para receber pouco mais de 3 milhões de turistas ao ano, mas o volume hoje quase alcança 9 milhões anuais. O espaço sob a pirâmide foi todo transformado, para aprimorar o fluxo de visitantes, incluindo melhorias nos controles de acesso para evitar longas e demoradas filas, na bilheteria (também é possível comprar ingressos online para horários específicos), no vestiário e nos espaços comerciais. Foi elaborada ainda uma aplicação celular gratuita, com informações sobre as coleções e com direito a um sistema de geolocalização. Toda a sinalização e as fichas das obras expostas foram repensadas, com novo design e textos em três idiomas (francês, inglês e espanhol).
Uma das renovações mais interessantes ocorreu no Pavillon de l'Horloge, que remete à história do museu quando ainda era uma fortaleza, depois transformada em palácio real. As visitas dos resquícios históricos ganharam maior visibilidade e também grandes e engenhosas maquetes animadas em 3D. O Louvre se tornou bem mais compreensível, com ferramentas lúdicas e interativas de grande utilidade. A média de permanência de um turista no local é de duas horas e 45 minutos, e agora são igualmente organizadas visitas de uma hora de duração, sem a necessidade de reserva com antecedência.
Mas tudo isso, obviamente, teve um custo, e a nota foi salgada: 53 milhões de euros, em sua maioria financiados pelos Emirados Árabes Unidos, como parte do pacote de construção do Louvre Abou Dabi, com inauguração prevista para dezembro deste ano ou início de 2017.
ATENTADOS
O presidente do Louvre, Jean-Luc Martinez, reconheceu que os atentados de 2015 em Paris reduziram em 16% a frequência do museu. As rígidas medidas de segurança adotadas desestimularam as visitas escolares, tanto por parte de colegiais franceses quanto de estrangeiros. Visitantes mais suscetíveis à nova situação de ameaça, como os japoneses, também diminuíram nas estatísticas gerais. Até o final do ano, Martinez espera recuperar parte do público perdido, e fechar 2016 com um decréscimo de 10% de turistas. Em 2015, o museu registrou um total de 8,6 milhões de visitantes.
BRASILEIROS NO MUSEU
Cerca de 80% da frequência do Louvre é composta de estrangeiros, entre eles os americanos em primeiro, seguidos dos chineses e dos italianos. Os brasileiros vêm logo depois, em quarto lugar, correspondentes a 3,8% do total de visitantes em 2015 (4,2% em 2014). A equipe do Louvre nota, no entanto, uma particularidade em relação ao turista brasileiro: contrariamente à regra, ele visita o museu em mais de um dia.
APLICATIVO DO PERIGO
Sinal dos tempos, o governo francês lançou há poucas semanas um aplicativo que ninguém espera utilizar. Afinal, quem gostaria que de repente a tela de seu celular fosse iluminada pelo aviso em letras capitulares sobre fundo vermelho: "ALERTA ATENTADO"?
O aplicativo, disponibilizado em francês e em inglês, em plena competição da Eurocopa, informa o local de um ataque terrorista, que as forças de segurança estão em intervenção, e solicita às pessoas procurarem abrigo em lugar seguro. É possível baixar até oito diferentes zonas da França, para o caso de se desejar manter informado sobre as localidades onde vivem parentes e amigos.
As autoridades contam com a atitude cidadã para repassar a mensagem, e assim também desafogar, em caso de perigo, as chamadas para o 17, o número de emergência da polícia. Entre a decisão de deflagrar o alerta, de responsabilidade do governante da zona atingida, e sua visualização no celular, o tempo foi calculado em torno de 15 minutos.