Em entrevista coletiva, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, não teve pruridos: pôs em dúvida, abertamente, a presença da Venezuela de Nicolás Maduro no Mercosul. A pergunta foi simples - está ou não está?
Macri se reportou à violência, à ausência de diálogo, ao descumprimento de decisões do Legislativo para o qual foi eleita em novembro esmagadora maioria oposicionista, à crise econômica e a outros tantos problemas, dizendo que "as notícias que chegam são alarmantes, há falta de remédios, alimentos e energia."
O Mercosul tem uma cláusula que estabelece a necessidade de seus integrantes adotarem regimes e práticas democráticas. Claro, também é da essência do bloco o requisito segundo o qual os membros devem negociar e conversar entre si.
Macri pediu para que Maduro "abra a porta de diálogo para que se comece um processo de transição". E, dizendo-se "solidário", pediu que o país caribenho "não continue sofrendo" do jeito que está, com desabastecimento de mais da metade dos produtos básicos, inflação a mais de 200% e crescimento negativo.
Para piorar a situação, tem sido registrados casos de violência contra políticos, em especial da oposição. O detalhe é que líderes oposicionistas continuam presos por motivos de consciência sob a alegação de que teriam insuflado a violência em 2014, quando 43 pessoas morreram, em sua maioria abatidas por forças de segurança em manifestações contra o governo. Ora...
"A Venezuela não pode continuar sofrendo. Estamos solidários."
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, criticou publicamente a Venezuela mais uma vez.
Em entrevista coletiva na residência oficial de Olivos, Macri disse ainda que o governo de Maduro não tem cumprido com os acordos do Mercosul.
- Não sei se está dentro ou fora do Mercosul - disse ele.
Já antes de sua posse, em 10 de dezembro do ano passado, Macri sugeriu a suspensão da Venezuela do Mercosul. Naquele mês, ele e a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, bateram boca na cúpula do bloco, em Assunção. Macri havia pedido a liberação de políticos presos pelo governo de Maduro, o que enfureceu Rodríguez. O líder argentino acabou recuando da ideia de suspender Caracas após conversas com o Brasil e depois de a oposição venezuelana conquistar a maioria no Assembleia Nacional Legislativa.
Sua afinidade com a presidente Dilma Rousseff é boa - Dilma se entende melhor com ele do que se entendia com Cristina Kirchner. Com o provável governo de Michel Temer, em especial o cerco à Venezuela deve aumentar ainda mais.