A despedida do governo petista é melancólica. A presidente aferra-se ao poder como se uma alternativa ainda lhe restasse. Os seus discursos se tornam ainda mais afastados da realidade, revelando uma personalidade avessa à verdadeira consideração dos fatos. O seu destino está selado.
Ninguém mais faz o seu jogo. O PT já está atuando como oposição e considera a sua presidente como mero instrumento seu. Ela lhe é útil para sua posição contrária ao novo governo Temer. Convém ao partido dizer - em uma completa dissociação da realidade - que se trata de um "golpe", pois assim pretende se comportar no futuro imediato. Há apenas uma coincidência passageira entre a presidente e o PT.
O ex-presidente Lula afasta-se igualmente da presidente, consciente de que sua escolha foi um desastre político. Certamente para o país, mas sobretudo para ele. Agarra-se ao que lhe resta de popularidade, esperançoso de que possa ainda apresentar-se como opção eleitoral em 2018. De fato, já abandonou a presidente, embora guarde ainda, por razões estratégicas, a aparência de defendê-la.
Ademais, sua preocupação mais imediata é a Lava-Jato e as investigações congêneres, pois muito provavelmente será denunciado e tornado réu em poucas semanas, seja no Supremo, seja na primeira instância do juiz Moro. Isto se confirmando, nem poderá se candidatar em 2018.
Restaria à presidente o gesto altivo da renúncia, porém permanece embriagada em seu poder evanescente e em seu emaranhado psicológico. Mais valeria sair agora por ato voluntário do que ser enxotada em poucos meses. Até um discurso crível do ponto de vista estritamente pessoal poderia inventar, baseado no reconhecimento dos seus erros e no perdão.
O Brasil, neste meio tempo, de uma presidente que não é mais e de um presidente que não é ainda, encontra-se paralisado. Empresas em situação crítica, ausência de investimentos, desemprego em alta, a "nova" classe média voltando à sua condição anterior, inadimplência aumentando, PIB afundando e assim por diante.
A dor e a falta de expectativas são generalizadas, apesar de um discurso ufanista petista de defesa dos "pobres", contra o "ajuste fiscal" e assim por diante. Deveriam se dirigir verdadeiramente a uma base social que já os abandonou. Os seus discursos são mera encenação, a sua forma sendo a hipocrisia.
Os desempregados e os inadimplentes devem estar sentindo o discurso petista como uma agressão! Ausência completa de escrúpulos!