Roubo trecho de texto escrito por Luiz Antônio Araujo, que está sentado aqui a algo como cinco metros de mim: "(...) Existe ainda a possibilidade de que o governo belga tenha agido com soberba ao obter uma vitória contra os terroristas depois de quatro meses de caçada aos suspeitos. As informações disponíveis até o momento indicam que Abdeslam não era um Saddam Hussein apavorado e escondido num buraco no momento em que foi apanhado. Ele resistiu à prisão e tinha em seu poder uma grande quantidade de armas e explosivos. Se alguém o subestimou, cometeu um equívoco fatal. Sejam quem forem, os responsáveis pelas explosões trigêmeas – duas no aeroporto internacional de Zaventen e uma na estação de metrô Maalbeek – fizeram muito mais do que provocar dezenas de mortes na cidade sede da União Europeia."
Quando fui correspondente da Folha de S. Paulo em Buenos Aires, nos anos 1990, constatei os ecos desesperados de quem recém havia vivido (e sobrevivido) aos atentados terroristas contra a embaixada de Israel na capital argentina (em 1992) e, depois, a Associação Mutual Israelita Argentina (1994).
Cheguei a Buenos Aires, aluguei meu apê, abri a conta bancária pra receber salários e, ora, fiz contatos com novas fontes que eu estava criando. Era 1997. A comunidade judaica local ainda repetia insistentemente frases assim: "Como pôde?", "Jamais iríamos imaginar", "Aqui, pensávamos que jamais haveria algo assim", "Pronto, o terrorismo agora também na América Latina". Foram 29 mortos na embaixada e 85 mortos na Amia. Um total de 114 mortos. Em 2001, era a vez de Nova York, no 11 de Setembro. Paris já experimentou o terror mais de uma vez, além de Madri, Londres... na Europa ou não! A lista já é grande.
A conclusão a que se chega é: jamais se deve relaxar! O terror é a praga mais daninha de todas que se instalaram no século que deveria ser da paz e do amor, quando, em tese, "a lua está na sétima casa e Júpiter alinhado a Marte".
Seus estragos só são sentidos depois, quando destroços cobrem corpos inertes, e o choro da revolta representa a expressão da impotência - palavra muito ouvida nessas ocasiões. Grita-se o inacreditável. Mas isso já não tem utilidade prática.
O que é ainda mais desesperador...