Três meses de mandato já estão sendo suficientes para provocar desgaste no presidente da Argentina, Mauricio Macri. Sua popularidade está em declínio. O entusiasmo argentino caiu de cinco a 10 pontos percentuais, dizem os institutos de pesquisa, apesar de aprovação continuar em altos 50% a 60%.
De acordo com o instituto Poliarquía, 58% dos entrevistados têm uma imagem boa do presidente. O recuo é de seis pontos na comparação com janeiro. O Ibarômetro mostra que 55,9% dos argentinos tinham uma imagem positiva do governo em fevereiro. Em dezembro, eram 65,6%.
Possíveis explicações: os preços avançaram 4,1% em Buenos Aires apenas no mês de janeiro, e as estimativas são de que haverá alta de 4% a 5% em fevereiro.
Inflação, insegurança e desemprego são motivos de insônia para os argentinos.
Nas ruas, percebe-se inquietação. Há protestos, com bloqueios de estradas.
Na noite de terça-feira, 150 pessoas entraram à força em um canal de TV em protesto pelo aumento de 300% a 700% na tarifa de energia. Em meio ao protesto, um ministro que era entrevistado foi agredido.
"Esse costume de roubar vai acabar!", cantavam em coro os manifestantes nos estúdios do canal 12 da cidade de Posadas, capital da província de Misiones (nordeste), que vive da produção agrícola e do turismo.
"O ministro da Fazenda da província (Adolfo Safrán) começava a explicar a situação, quando escutamos gritos de fora e logo abriram a porta do estúdio e entraram", relatou ao canal TN o jornalista Gustavo Añibarro, condutor do programa.
As pessoas faziam parte de una mobilização popular que ocorria nas ruas de Posadas, a 1.100 Km de Buenos Aires.
– Quase empurrei o ministro para tirá-lo do lugar, mas nesse momento um dos manifestantes o golpeou por trás – contou o jornalista.
O governo de Macri anunciou em fevereiro aumentos no preço da eletricidade, que em alguns casos encareceu as contas em até 700%.
O argumento do governo foi que as tarifas estavam atrasadas e subsidiadas no governo anterior, da presidente Cristina Kirchner (2007-2015).