Pintou uma quarta estratégia da oposição venezuelana pra apear Nicolás Maduro da presidência. Primeiro são as manifestações de rua que levem Maduro à renúncia, efeito tido e havido como improvável. Depois, a tentativa de emendar a Constituição para reduzir o mandato dos atuais seis a quatro anos - já incluindo o atual, claro. E, ainda, o meio previsto constitucionalmente de fazer um referendo revogatório do meio do mandato, uma espécie de recall.
A procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega, e o partido do governo tiveram de sair a público para desconsiderar insinuações de que Maduro tenha também a nacionalidade colombiana, o que, segundo a oposição, o inabilitaria ao cargo.
- A redatora do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, mostrou em uma ocasião a certidão de nascimento (...) do presidente. Ratifico-o, então, entendo que o presidente é venezuelano" - disse Luisa.
A comissão de assuntos civis do parlamento - de maioria opositora - investiga se o presidente tem dupla nacionalidade, a pedido de um grupo de venezuelanos que alega "dúvidas razoáveis" sobre sua origem, "devido a que até agora se negou a exibir sua certidão de nascimento".
Uma cópia do documento que certificaria que Maduro nasceu em 23 de novembro de 1962, em Caracas, foi apresentada pelo titular do CNE em outubro de 2013, durante entrevista transmitida pela televisão.
Mas a deputada Degnis Fernández, integrante da comissão que questiona o caso, desafiou Maduro a apresentar a ata original, destacando ter documentos que provariam que sua mãe nasceu na Colômbia e que, portanto, o presidente também é colombiano, o que, para ela, o impediria de continuar no cargo.
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, reduziu a importância desses questionamentos, indicando que se trata de uma reciclagem de "velhas coisas" e "artimanhas" da oposição para distrair o governo de seu principal objetivo: a solução da grave crise econômica.
Em um cenário recessivo e de alta inflação (180,9% em 2015), Maduro, eleito até 2019, enfrenta uma ofensiva da oposição para antecipar sua saída do poder mediante o referendo revogatório ou oa emenda constitucional que encurtaria o mandato, acompanhados de mobilizações exigindo sua renúncia.
Maduro negou várias vezes as manifestações a respeito da sua nacionalidade, denominando-os de "invenções dementes" para derrubá-lo.