Parece mesmo que estamos num beco sem saída. Mais do que isso, parece que o Brasil e os brasileiros entraram num imenso labirinto e não conseguem vislumbrar a saída. Ficar como está é ruim, mudar para o cenário que se desenha pode até ser pior. Estamos todos batendo cabeça – governistas, oposicionistas, golpistas, legalistas e analistas –, sem achar o fio mágico que nos tirará desta enrascada.
O fio de Ariadne, como ensina a mitologia, é o que nos falta. Problemas intrincados, por mais complexos que pareçam, podem ser resolvidos com ideias simples. Conta-nos a lenda que Teseu, o herói grego que matou o Minotauro e livrou Atenas do sacrifício de seus jovens, consultou o oráculo antes de entrar no labirinto do rei Minos, de Creta. A resposta foi de que a saída estava no amor. E estava mesmo: Ariadne, filha do rei, apaixonou-se por ele e sugeriu uma providência elementar para que não se perdesse entre as curvas, encruzilhadas e paredes do palácio transformado em armadilha: levar um novelo de linha e ir desenrolando na medida em que avançava.
Foi assim que ele matou a fera com sua espada mágica e saiu lépido e faceiro, resgatando os jovens que ainda estavam vivos e perdidos na caverna.
Transpondo para o labirinto nacional, acredito que não precisamos de heróis populistas nem de justiceiros para sair da enrascada em que nos encontramos por conta de anos de transigência com a corrupção e com a má política. Precisamos de ideias. Ideias resultantes do diálogo, da tolerância, do debate sadio e de um sentimento cada vez mais escasso: amor pelo nosso país. Talvez, também neste caso, a saída esteja no amor.
Quem tem dúvida, que consulte o oráculo. É fácil. Ele se chama Constituição da República Federativa do Brasil. Se for lida com desprendimento e espírito patriótico, tem respostas claras para todas as questões conflitantes que afligem os brasileiros.
Pode ser o fio de Ariadne do nosso labirinto.