O certo para melhorar a performance dos atletas seria dar mais tempo de treinamento e repouso entre as partidas. Qualquer fisiologista, preparador físico ou treinador dirá isso e terá razão. Na condição de analista, reconheço que este mundo ideal traria espetáculos de maior qualidade, atrairia mais torcedores e interesse internacional pelo Brasileirão. No entanto, na vida real, é chatíssimo quando se tem um intervalo tão grande por conta da data Fifa.
As pautas se repetem, os debates esportivos se esforçam para encontrar novos assuntos, e os debatedores sangram para evitar a frase "como eu já disse ontem...". Este período de jogos de seleções ficou ainda mais estranho porque, no próximo fim de semana, haverá Gre-Nal no Beira-Rio.
Desde que o Grêmio perdeu para o Atlético MG numa partida em que muito bem poderia ter empatado, o clássico passou a ocupar corações e mentes das duas torcidas.
A do Inter já vivia a expectativa antes, já que não teve jogo atrasado recuperado no meio da semana. Roger Machado fez quatro dos últimos seis pontos, mas deve ser o primeiro a saber que seu time caiu de rendimento.
Mais estudado, sujeito a desfalques por lesões que diminuíram a qualidade geral, passando pela natural oscilação do talentoso e muito jovem Gabriel Carvalho, há um combo de razões a explicar a produção a menor, ainda que na matemática dois terços dos pontos conquistados seja excelente.
O treinador colorado teve oportunidade, pela parada, de revisar os jogos, como faz exaustivamente. De chamar jogador por jogador para tratar com cada um erros e acertos contra Vitória e Corinthians. De ele próprio pensar em novidades que possam surpreender os adversários que, diante da ótima campanha colorada do returno, passaram a se debruçar sobre as qualidades que levaram o Inter à recuperação no campeonato.
Renato Portaluppi viveu cena diferente. Teve que enfrentar o Atlético-MG em Belo Horizonte, arriscou diluir a confiança readquirida com a vitória anterior diante do Fortaleza e o empate com o líder Botafogo, duas semanas atrás.
Escapou incólume, mesmo que não tenha trazido ponto de Minas Gerais. O Grêmio redesenhado está se defendendo melhor e transitando em velocidade na hora de atacar. Tivesse levado uma saranda do Galo, talvez o treinador gremista se obrigasse a um Plano C.
Do jeito que foi, a derrota não mexe uma palha da retomada do Grêmio no quesito desempenho.
O Inter deu folga até quinta-feira (10), o Grêmio está em plena folga até a segunda-feira (14).
A semana que entra vai esquentar mistérios de sempre, algo um tanto cansativo mas que recebe de muita gente fervorosa adesão. O certo é que o Inter entrará no Beira-Rio, como diria Roger Machado, de tanque cheio e revigorado com as presenças de Borré e Fernando.
Em tese, poderá jogar no alto nível de intensidade que caracterizou seus melhores momentos com o treinador que substituiu Eduardo Coudet.
O Grêmio contará com Villasanti e Soteldo à disposição, só o primeiro deverá ser titular na casa colorada. A grande notícia para quem veste azul é a nova atitude dos jogadores, sem contar a troca de peças que tornou titulares Aravena e Edenilson.
Tivesse o Grêmio perdido para o Fortaleza, e o Gre-Nal lhe seria dramático. Agora, não. Há gordura para uma eventual reação caso perca o clássico, pois o adversário a seguir é o Atlético-GO na Arena.
Estarão frente a frente times que sobreviveram tão intactos quanto possível à devastação da enchente, perderam fôlego, recuperaram em parte, e chegarão ao fim do ano com o que der para trazer.
O Gre-Nal, neste cenário, não devolve o Grêmio a Z-4 em caso de derrota nem tira o Inter do trajeto da vaga direta de Libertadores.
Será atraente porque o jogo é autoexplicativo e porque estarão se enfrentando técnicos talentosos nascidos da mesma fonte, ídolos de uma mesma torcida, mas um deles agora declarou independência e trata o trabalho no antigo rival como seu prato de comida.
Vou degustar minuto a minuto do pré-clássico. Recomendo às torcidas que façam o mesmo.
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