Gravei com Galvão Bueno o Botequim que vai ao ar neste sábado no Globo Esporte. Um luxuoso convidado que mereceu refrão particular na abertura do quadro pela banda Sambalelê. Aliás, tudo em relação ao maior narrador de televisão do Brasil é mesmo diferente. É carisma em estado puro. Na Arena, quarta-feira passada, quando o jogo terminou, os torcedores que estavam próximos à cabine de transmissão se viraram para ver como Galvão reagia à classificação gremista. O narrador abriu seu melhor sorriso, fez sinal de positivo, tirou fotos e fotos.
Galvão Bueno estava feliz exercendo seu ofício, vai narrar mais um brasileiro decidindo Libertadores da América. E vai ser contra um argentino. Na gravação do Botequim, horas antes da partida contra o Barcelona de Guayaquil, minha primeira pergunta a este carioca canceriano de 67 anos foi sobre os motivos que o levaram a fincar tão fundo raízes em solo gaúcho. Agora mesmo, depois de narrar a classificação do Grêmio à decisão da Libertadores, Galvão decidiu ir para sua estância na região sul do Rio Grande, onde fica até domingo. Conversei com ele sobre esta identificação com os modos e costumes dos pagos, que ele não só não negou como fez questão de ressaltar orgulho.
Como é esta proximidade com os gaúchos?
Gosto do jeito, gosto da cultura do gaúcho, o modo como defendeu suas fronteiras, me identifico. Tenho amigos e negócios aqui. Crio gado, cavalo de raça, que sou apaixonado, tenho vinícola. Chego à estância _ não é fazenda, não, fazenda é acima do Mampituba _, ponho bombacha, como é confortável. No calor, alpargata. No frio, botas. Saio a cavalgar por lá. Minha estância fica bem pertinho de um monumento no Seival que homenageia a Revolução Farroupilha.
É verdade que o pessoal que trabalha com você lá na estância só vai para a lida depois que você se pilcha?
R- (Risos) Não chega a ser assim, "só vamos trabalhar depois que o Galvão se pilchar". Mas eles gostam de me ver vestido como eles, sim. E eu me sinto muito à vontade de bombacha, bota ou alpargata, ponho chapéu e tudo. Só não uso lenço, nem branco, nem vermelho. Deixa esse negócio de chimango e maragato pra lá!
E com o futebol daqui?
Narrei todas as principais conquistas do Grêmio no Brasil e no mundo. O que jogou Renato Portaluppi contra o Hamburgo em 1983! Do Inter, só não narrei a final da Libertadores 2006. O que foi aquela vitória em cima do Barcelona do Ronaldinho! Agora, estou vendo de perto o Grêmio finalista de outra Libertadores. E contra um argentino, o Lanús.
E mais um gaúcho comandando a Seleção Brasileira?
Puxei aplauso para o Tite na última coletiva de imprensa dele antes da estreia contra o Equador. Sabe por quê? Anunciou o time titular que ia a campo. Achei aquilo maravilhoso, deu a escalação um dia antes, mereceu aplauso, mostrou confiança. Sou atento aos detalhes. Quando foi tirar o Filipe Luís do time, chamou de lado, conversou cinco minutos com ele explicando a barração, fez na frente da imprensa, todo mundo entendeu o que ele estava fazendo. Dava uma satisfação a quem saía, Marcelo entrou, é o melhor lateral-esquerdo do mundo. Aliás, na seleção da Fifa o Brasil tem três. Daniel Alves, Marcelo e Neymar.
O que vai ser sua 13ª Copa do Mundo na Rússia?
Aí são os favoritos de sempre. Ainda não sabemos se a Itália vai passar da Suécia, mas já estão lá Brasil, Argentina e Alemanha. Se a Itália for à Copa, entra neste time também. São forças do futebol mundial. Pode pintar uma correndo por fora, mas não acredito que a Bélgica, por exemplo, seja campeã do mundo.
O que você pensa sobre o Inter, que está voltando ao seu lugar, a Série A?
O Inter vai voltar para o lugar de onde nunca devia ter saído, vai voltar pelo campo, mas tem uma coisa: tem que voltar campeão! Não basta só subir. Outros grandes já caíram e voltaram, acontece. O Inter é um gigante do futebol brasileiro.