A estreita e pacata via que liga o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek à Base Aérea de Brasília recebe um movimento inédito nos últimos dias. Carros, caminhonetes, caminhões e até mesmo vans escolares chegam abarrotados de doações para o Rio Grande do Sul.
Nesta quarta-feira (8), o tempo mínimo de espera na fila era de 1h30min. A demora ocorria apesar de uma grande mobilização de militares e voluntários para o descarregamento dos veículos.
Em uma rede de solidariedade que se espalha cada vez mais pela capital federal, doadores estão levando pilhas de roupas, alimentos, água mineral, colchões e outros itens necessários aos desabrigados pelas enchentes. Também há casos de empresas que enviam caminhões lotados de mantimentos.
— Fiquei um tempão na fila e se precisar vou ficar de novo. Não tem nada melhor do que ver esta corrente do bem — disse o empresário Alexandre Lacerda.
— Eu rifei um kimono que ganhei de um amigo lá de Dubai, consegui uma quantia boa para comprar água mineral e ainda fazer doação às entidades que estão precisando lá no Rio Grande do Sul — relatou o lutador de jiu-jítsu Marcus Vinicius Magalhães.
— A gente precisa ajudar e ver o lado do ser humano. Eu trouxe 60 caixas de água e estou indo buscar mais 60, o Sul neste momento precisa de todo o Brasil — acrescentou a administradora Tatiane de Carvalho.
Além dos mantimentos a pessoas que tiveram de deixar suas casas, muitos voluntários levavam medicamentos, ração até mesmo roupas para pets. Uma escola infantil produziu uma caixa lotada de cartinhas escritas por alunos com mensagens de amor e esperança.
Cartazes espalhados pelo comércio, nas empresas, prédios residenciais, igrejas e escolas pedindo apoio ao Rio Grande do Sul crescem a cada dia em Brasília.
Com a restrição de voos comerciais, todo o material arrecadado será enviado pela FAB, em um cronograma definido pelas autoridades que atuam no Estado a partir da necessidade e capacidade de recepção.
— Nós temos condições de enviar todo o material recebido, a nossa limitação é o comando conjunto que foi ativado no Rio Grande do Sul nos demandar as prioridades e eles terem a capacidade de receber, visto que temos limitação de capacidade para as aeronaves operarem — explicou o capitão Breno Souza.
Nos primeiros dias, segundo cálculo aproximado feito pela FAB, foram arrecadados em torno de 200 toneladas de mantimentos, suficiente para encher 10 aeronaves KC-390, o cargueiro que tem sido utilizado para o transporte.