O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço
Lideranças dos três Estados do Sul pretendem encomendar estudo de demanda ferroviária para cobrar a realização de investimentos na Malha Sul. O trecho inclui, além de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o Estado de São Paulo, onde se concentra a maior parte dos recursos injetados pela empresa concessionária.
– Decidimos encomendar um estudo dos próprios Estados do Sul (sem São Paulo) sobre a demanda de carga para a ferrovia – antecipou o vice-governador Gabriel Souza à coluna.
A ideia, segundo ele, é ter mais segurança técnica para balizar os investimentos necessários para atender a real necessidade dos três Estados. De acordo com o vice-governador, foram identificadas “inconsistências” no caderno de demandas apresentado pela Rumo (empresa concessionária) junto a Agência Nacional dos Transportes (ANTT).
Souza esteve em Curitiba (PR), onde na quinta-feira, no Palácio Iguaçu, se reuniu com o vice-governador do Paraná, Darci Piana, e o secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, Beto Martins. Os três Estados querem estabelecer uma atuação conjunta e projetos integrados para melhorar as condições das ferrovias.
À coluna o vice-governador também comenta que uma reunião no Ministério dos Transportes está agendada para o dia 14 de maio. Antes, os representantes de RS, SC e PR devem alinhar o discurso.
Atualmente, a Malha Sul possui 6,5 mil km e abrange Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Só no RS, dos 3,2 mil km de linhas e ramais ferroviários, cerca de 1,5 mil km foram desativados ou suspensos. Significa que o Estado perdeu a metade de seus trilhos desde o início da concessão à Rumo, concluída em 1997.
Os três Estados alegam não receber investimentos necessários, uma vez que o foco das atenções está concentrado em São Paulo, conforme já abordado pela coluna no mês passado.
Para o vice-governador gaúcho, é fundamental rediscutir a modelagem e os investimentos, já que os Estados são produtores e exportadores de grãos e proteína animal e importadores de fertilizantes e insumos agrícolas. No RS, os prejuízos anuais, deixados nas estradas, por falta de um modal alternativo, é estimado pela Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura em R$ 125 bilhões, ou 20% do Produto Interno Bruto (PIB).