A fartura de vírus em circulação no outono/inverno gaúcho já havia provocado escassez de antibióticos, e agora se espalha para outras medicações e até para... lenços de papel. Nos balcões das farmácias, a explicação disponível é o excesso de procura.
Mas assim como nos casos dos antibióticos, a situação de escassez é resultado da combinação de restrições de matéria-prima com a demanda acentuada, como chegou a ocorrer com oxímetros no início deste ano.
Conforme relatos colhidos de funcionários em mais de meia dúzia de farmácias, só há falta de produtos para tratar problemas respiratórios. Vai de antibióticos a xarope, passando por "chazinhos" em envelopes para amenizar sintomas e até substâncias para nebulização. A jornalista que assina essa coluna queria levar mais do que as duas caixas de lenços de papel disponíveis em uma dessas lojas, pediu mais, e resposta que ouviu foi "só tem essas, que acabaram de chegar".
Para avaliar melhor a extensão do problema, a coluna fez contato com as duas maiores redes de farmácias do Estado. Priscila Barbosa, gerente executiva de marketing da Panvel, afirma que este realmente não é um "momento confortável" para as farmácias, com gôndolas cheias e muitas escolhas de produtos, por "altíssima demanda". Mas pondera que a escassez é pontual, em determinadas formulações e apresentações, ou de pequena duração.
— Para que a sociedade enfrente melhor essa situação, seria bom se os médicos prescrevessem tratamentos já com algumas alternativas, para que a decisão não fique na mão do paciente ou do farmacêutico. Ter opções na própria receita é importante para todos.
A São João enviou nota:
"A Rede de Farmácias São João compra medicamentos diretamente da indústria e de distribuidores. Atualmente, há falta de algumas apresentações devido ao abastecimento de matéria-prima para o processo fabril. Com o intuito de minimizar este impacto, a Rede busca diariamente encontrar alternativas junto as indústrias para garantir o abastecimento diário das mais de 900 lojas em operação".
A coluna também falou com executivos de redes atuantes no Estado e colheu depoimentos que relatam "luta diária para manter as lojas abastecidas". No linguajar no varejo, esses episódios de falta de produtos são tratados de "ruptura". E há muitas lojas com "ruptura", confirmam esses profissionais. Também confirmam que o fenômeno é concentrado no Sul do Brasil, em Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.