Ao avaliar a concessão de cinco rodovias na Serra e no Vale do Caí na quarta-feira (13), a primeira reação do presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul), Afrânio Kieling, foi chamar de "tragédia para o Estado".
Agora, a entidade cobra do governo do Estado que recuse a proposta com 1,3% de deságio e não assine o contrato definitivo com o consórcio que venceu a concessão.
Nesta quinta-feira (14), o secretário especial de Parcerias, Leonardo Busatto, confirmou a intenção de seguir adiante com a concessão em entrevista à Rádio Gaúcha. Em nota (leia clicando aqui), a entidade menciona "fracasso" e "extorsão" no pedágio resultante da concessão de cinco trechos, entre R$ 6,85 e R$ 9,83. Afirma, ainda, que o Piratini deve ter "coragem de reconhecer que errou" e "não ouviu os reiterados avisos" de que os projetos de concessão de rodovias "estão mal concebidos".
A expectativa da entidade e de outros críticos do resultado da oferta é de que o contrato não seja assinado, tamanha a preocupação que provocou em relação à competitividade do Estado. O argumento é de que o custo logístico do Estado, já considerado excessivamente alto, suba ainda mais. A nota afirma que "a sociedade gaúcha, de novo, vai pagar esta conta" e que é "prerrogativa do governo não aceitar esta proposta lesiva à nossa economia" e "recusar a proposta de 1,3% de deságio é respeitar o povo gaúcho e voto que dele recebeu em 2018".
Além de pesadas críticas ao valor do pedágio, representantes do setor têm objeções ao consórcio vencedor, que seria formado por "consultorias" de grandes empresas que atuam na administração de rodovias. Então, à preocupação com o valor do pedágio, soma-se a inquietação com a capacidade técnica e financeira para a execução dos investimentos previstos nos cinco trechos concedidos na Serra e no Vale do Caí.
A coluna ponderou a Kieling que houve elevação nos custos, especialmente no valor de insumos como asfalto, o que provocou cobrança de reajustes nos contratos atuais de obras rodoviárias e de infraestrutura em andamento no Estado, mas o empresário rebateu que a origem do problema está na elaboração do edital. Na visão da Fetransul, o problema está na exigência de "garantias desproporcionais ao empreendimento", que teria inibido a concorrência do Bloco 3 de rodovias gaúchas ao ponto de apenas uma empresa se habilitar ao pregão.