Embora a alta de 0,2% do PIB no segundo trimestre não tenha sido grande surpresa, o recheio do resultado é que vai provocar uma intensa revisão das projeções de crescimento para este ano e 2018. Foi embalada por essa perspectiva que a bolsa encostou em 72 mil pontos nesta sexta-feira (1º), maior pontuação desde 2010.
No primeiro trimestre, a alta do PIB havia sido de 1%, mas nenhum economista, a não ser do governo, ousou falar em fim de recessão. No segundo, a hipótese ganhou força, e não apenas por duas variações positivas sucessivas. De janeiro a março, o crescimento estava concentrado na agropecuária, limitado no tempo e a um setor. De abril a junho, os serviços, que representam mais de dois terços do PIB, avançaram 0,6%. Melhor ainda, depois de nove trimestres seguidos de queda, o consumo das famílias voltou a crescer, 1,4% em relação ao período anterior (gráfico abaixo).
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O desenho mostra que, ao longo da crise, o consumo das famílias permaneceu com resultado negativo. É um quadro típico de recessão. No primeiro trimestre, estagnou, e no segundo, reagiu. A volta da demanda foi alimentada pela liberação do FGTS, mas reforçada pela redução da inflação e, por consequência, do juro, e pelo avanço, ainda discreto e instável, da massa salarial.É esse comportamento que autoriza, desta vez, projetar o fim da recessão. Mais ainda, de retomada firme, depois de tantas tentativas frustradas. Sem novas surpresas negativas, a tendência é de que a redução dos estoques force aumentos de produção em um período do ano já habitualmente mais movimentado.
O investimento ainda não engrenou. A saída gradual da recessão se dará pela ocupação de capacidade ociosa, ainda alta na maioria das fábricas. Está montado o primeiro degrau para sair do fundo do poço.