As fintechs (startups financeiras tecnológicas) vão ganhar regras no Brasil. No fim de agosto, o Banco Central (BC) lançou consulta pública para regular empresas como Nubank, Guia Bolso e Creditas, que crescem há dois anos. Um dos objetivos é diminuir o abismo entre a atividade sem regras e o sistema financeiro ultrarregulado.
A iniciativa é bem vista pelo diretor do comitê de fintechs da ABStartups, Bruno Diniz, que avalia como um atestado de relevância:
– Há quatro anos, era inconcebível para algumas pessoas colocar a senha bancária em smartphone, mas o padrão mudou, os clientes estão mais predispostos a testar soluções. Temos observado crescimento intenso.
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Para Diniz, enquanto bancos oferecem vários produtos, fintechs atendem necessidades específicas com taxas menores e processo simplificado.
– Os bancos começaram a enxergar que têm muito a aprender com as fintechs. No Brasil, se busca mais a colaboração do que a rivalidade – diz.
Entre as 16 categorias de fintechs – de finanças pessoais a robôs investidores –, duas devem ser impactadas a partir de 2018: as de crédito direto e de empréstimo entre pessoas. CEO e fundador da Biva, Jorge Vargas Neto explica que ambas concedem crédito online para pessoas físicas e pequenas e médias empresas. A primeira usa recursos próprios e a segunda aproxima quem precisa de recursos de possíveis investidores.
A proposta é que o valor movimentado não passe de R$ 50 mil. Apenas investidores qualificados, com aplicações acima de R$ 1 milhão, ficam fora do limite. Além disso, haverá supervisão do BC.
O Brasil não é irrelevante: pelo levantamento da Innovate Finance, aparece em 10º lugar no ranking dos maiores investimentos de empresas de capital de risco em fintechs. De 2015 para 2016, o montante quase dobrou: foi de US$ 87 milhões para US$ 161 milhões.