O sincronismo entre episódios envolvendo o Planalto e os quatro sucessivos recordes na bolsa de valores do Brasil sugeriria que os investidores estão comprados em Michel Temer. Há um grupo que está, é bom que se diga. Mas não são todos. Nem o surpreendente fortalecimento do presidente diante das principais ameaças – as denúncias do agora ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot –, é o maior ímã de valorização do mercado.
Uma das grandes razões vem de fora. A bolsa de Nova York passa pelo terceiro mais longo período de valorização depois da II Guerra, superado apenas pelos intervalos entre 1961 e 1969 e o situado de 1991 e 2001 – que terminou com o estouro da bolha da internet. A conta não é da coluna: é do Bank of America Merrill Lynch, citada há um mês pelo ex-secretário Aod Cunha.
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É por conta desse ciclo que não faltam profetas do caos falando em "estouro da bolha" – lá fora. Como metade do volume negociado na bolsa ainda é de estrangeiros, um percentual ainda maior da euforia ou do otimismo é administrado por suas movimentações e motivações.
Claro, existem os motivos internos para otimismo real. A saída da recessão está cada vez mais clara. É mercado de 200 milhões de consumidores do Brasil ensaiando reação. Como a bolsa é lugar de pensar no futuro, faz sentido projetar que empresas terão mais ganho ali adiante.
Por fim, a tesoura afiada do BC desestimulou aplicações em renda fixa, remuneradas com base no juro básico. Aplicadores com experiência saíram antes que a aposta em uma taxa real de 4% se tornasse consensual. Isso tudo compõe a receita dos recordes sucessivos. Tudo isso, mais o fortalecimento de Temer.