O sétimo corte seguido da Selic, a ser confirmado ao fim da tarde desta quarta-feira (26), vai levar o juro básico da economia para a casa de um dígito, patamar que o Brasil não experimenta desde o final de 2013. Salvo uma surpresa, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai fazer redução de um ponto percentual, para 9,25% ao ano. Assim, completaria uma poda de cinco pontos, desde agosto do ano passado.
Entre agosto de 2011 e outubro de 2012, o Copom cortou a Selic em 5,25 pontos – de 12,5% para 7,25% ao ano –, mas a diferença a favor do momento atual é que virão novas reduções nos próximos encontros do colegiado e, por enquanto, se espera que o ciclo de juro mais baixo perdure. Lá atrás, com o mercado de trabalho ainda aquecido, preços de combustíveis e energia represados e pressão de alimentos, a Selic começou a subir ainda no primeiro semestre de 2013 e o torniquete não parou mais de apertar – com uma breve pausa no período eleitoral – até chegar a 14,25% em setembro de 2015.
Leia mais
O Brasil entre o alívio no juro e a pressão na dívida
Custo da sobrevida de Temer tem limite
Pausa na turbulência no Brasil vem de alívio temporário nos EUA
Agora o ambiente é diferente, a despeito do susto que os motoristas levaram nos postos com o aumento do PIS e da Cofins sobre os combustíveis e da expectativa de que a conta de luz possa voltar a ficar mais cara devido à escassez de chuva. O tempo seco diminui a geração das hidrelétricas, produtoras de energia mais barata, força o acionamento de térmicas, mais caras.
O economista Rafael Gonçalves Cardoso, da Daycoval Investimentos, lembra que, em períodos de atividade aquecida, é mais fácil repassar para outros produtos e serviços o impacto de reajustes de combustíveis e energia. Em um ambiente recessivo, com desemprego alto, essa contaminação é limitada. Mesmo que as principais consultorias tenham revisado para cima o IPCA do ano, a inflação vai ficar bem abaixo dos 4,5%, o centro da meta.
– O impacto secundário na dispersão dos preços é muito menor – reforça.
Para Cardoso, é preciso ficar atento à mensagem que o BC vai passar após divulgar a nova taxa. A tendência, acredita, é sinalizar que o ciclo de redução do juro começa a chegar ao fim. Assim, embora possam ser esperados mais cortes nas próximas reuniões, seriam de magnitude menor, fechando o ano a 8%. Se a economia não reagir, seria possível iniciar outra rodada de afrouxamento monetário a partir da virada do calendário.
*A colunista Marta Sfredo está em férias