Em seminário do setor automotivo em São Paulo, Ricardo Ramos, indicado como interino na saída da ex-presidente do BNDES Maria Silvia Bastos Marques, usou uma expressão popular para definir o que havia ocorrido no banco no passado recente: "foi uma festa com sexo, drogas e rock’n roll". A intenção era frisar que, na época, houve exageros de quem concedeu e de quem recebeu crédito fácil, farto, barato e usado nem sempre para as finalidades para as quais era dirigido. Foi uma tentativa de responder às cobranças da dificuldade de se obter uma linha de financiamento atualmente no BNDES.
Feita no momento em que o Planato estaria preparando um "pacote de bondades", pode ganhar outras interpretações. Um dos ingredientes do embrulho seria a recomendação para que o banco liberasse recursos para pequenas e médias empresas.Ontem, o mercado de câmbio chegou a dar sinais de inquietação, com alta rápida no dólar. Quando isso ocorre, é considerado sintoma de desconfiança em relação ao futuro imediato. O câmbio acabou fechando o dia com ligeiro recuo, mas ficou a cicatriz do susto ficou.
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Analistas se inquietam com o possível custo fiscal de um pacote bondoso demais. Um dos sintomas da crise é a queda na arrecadação, que já ameaça o cumprimento da meta frouxa de déficit de R$ 139 bilhões. O BNDES mal se recupera da devolução de R$ 100 bilhões que teve de fazer ao Tesouro para evitar um rombo ainda maior. Legitimados no mercado e entre empresários por um plano de ajuste baseado em contenção de gastos, os atuais ocupantes do Planalto correm alto risco se fizerem manobras radicais no transatlântico. Cercados pela insegurança política, podem enfrentar icebergs de incerteza econômica nesse caminho.