Anda quente a temporada de lançamentos de plataformas a partir do Rio Grande do Sul. Ainda assimilando a 4all, os gaúchos começam a conhecer a Agipag, que se apresenta como uma "disruptura no formato dos meios de pagamento". O aplicativo – este é, ao menos, mais fácil de explicar – é resultado de parceria entre o banco Agiplan e a Stefanini Tecnologia, e será o primeiro no mercado brasileiro a dispensar intermediários ou pagamento de taxas por estabelecimentos comerciais ou usuários. A coluna conversou com Marciano Testa, presidente do Agiplan, para entender melhor a novidade.
Sem intermediários
"Há dois anos, lançamos o projeto do Banco do Futuro, com dois pilares, o de ser um banco digital completo e o de oferecer um novo meio de pagamento. O que estamos lançando agora é o Agipag, um aplicativo desenvolvido por uma empresa investida pelo Banco Agiplan, que representa uma disruptura no formato de meios de pagamento e possibilita a desintermedição nessa indústria. Quando tivemos a ideia, fomos buscar um parceiro tecnológico, que é a Stefanini, e trouxemos a tecnologia de Israel."
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Custo zero
"A Agipag tem custo zero, tanto para usuários quanto para estabelecimentos comerciais. O banco se remunera por meio do floating (quando os recursos passam pelo banco geram ganho pela aplicação). Eliminamos intermediários como cartão de crédito, adquirentes, bandeiras, processadoras. Além disso, é sustentável, porque elimina o papel nas transações. O dinheiro é digital. Mesmo assim, se o usuário preferir, pode fazer saques em espécie. Se não, pode usar o aplicativo para transferir dinheiro, seja entre pessoas, pessoas e estabelecimentos comerciais ou entre empresas."
Como funciona
"O usuário abre a conta no banco pelo aplicativo. Faz cadastro e escolhe a forma de carregar o crédito. Conforme o cadastro, pode receber um limite de crédito ao entrar. O banco verifica o histórico de forma rápida e eficiente. Se não tiver bom cadastro, não vai ganhar limite de crédito. No banco digital, faz TED (transferência eletrônica disponível) para o celular e carrega o saldo. Há uma boa rede credenciada, porque o apelo de não ter custo é grande. Não tem nada parecido no Brasil, a inspiração vem da China. No Brasil, estamos estreando com a venda exclusiva dos ingressos do Planeta Atlântida. Como não tem custos de cartão, tem um desconto para quem comprar com Agipag."
Alcance do app
"É uma solução ideal, por exemplo, para pequenas empresas fazerem o pagamento de salários. Só com o número do celular do funcionário pode enviar a quantia todos os meses. O Agiplan tem 2,5 mil funcionários, a Stefanini tem outros 20 mil, e com o Planeta Atlântida esperamos mais 50 mil usuários, para fechar logo 100 mil contas."
Um banco gaúcho
"O Agiplan nasceu como financeira, há 17 anos, e sempre foi gaúcha. Em maio, recebemos autorização do Banco Central para aquisição de um banco completo (Gerador, de Pernambuco). Além de ter produtos convencionais, quisemos transformar o banco em uma plataforma totalmente digital. A primeira fase é o Agipag. A próxima é o desenvolvimento de uma plataforma bancária completa totalmente digital, para o segundo semestre de 2017. Operamos em um conglomerado que tem financeira, administradora de consórcios e operação de seguros. Hoje é o maior banco privado do Estado, porque os demais são estatais ou cooperativos. Avaliamos que há um espaço, não absorvido por grandes bancos, que migram para o digital mas têm movimentos mais lentos. Nós podemos absorver com mais velocidade as plataformas digitais, sem deixar de lado a segurança e os aspectos fiduciários. A maioria das fintechs que estão surgindo não vai vingar, porque há o grande desafio da fidúcia, os clientes se perguntam onde fica o dinheiro quando não há um banco por trás."
O tamanho do Agiplan
"Passamos de R$ 1 bilhão em ativos neste mês e queremos encerrar o ano com patrimônio líquido de R$ 300 milhões. Estamos em franca expansão. O banco tem sede em Porto Alegre e operação nacional com mais de 300 pontos de atendimento. Vamos continuar crescendo nesse formato tradicional de banco. Vamos abrir mais 126 no primeiro trimestre de 2017. Estamos vendo a economia iniciar ciclo de recuperação muito lenta a partir do ano que vem. Empresas como nós, capitalizadas, têm oportunidade de se posicionar, graças à queda no valor dos aluguéis e dos pontos comerciais. Para nós, ainda é muito importante esse mundo físico, ainda tem bom espaço, e hoje é o que gera resultado. Assim como os demais bancos, o Agiplan sentiu o aumento da inadimplência, provocado pela perda de renda e pelo desemprego. Houve pressão, aumentamos as provisões, fizemos o dever de casa. Neste ano, já sentimos melhora."