Embora previsível depois das reações na campanha eleitoral, quando a bolsa subia e o dólar caia repercutindo as chances menores de reeleição de Dilma Rousseff, o tamanho da euforia do mercado nesta quinta-feira surpreendeu até quem está habituado com seus humores (no gráfico abaixo, a queda no dia em que pesquisas indicaram ampla vantagem da petista e o desempenho desta quinta).
– Não dá para imaginar que, trocando a Dilma, tudo vai melhorar – espantava-se, no final do dia, o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
Para quem não o conhece, Agostini faz questão de lembrar que tem broncas pessoais com o PT, portanto sua opinião não significa apoio ou adesão ao atual governo:
– Com a economia fragilizada, o processo de impeachment só acentua as incertezas futuras.
Além da série de questões que a mudança de presidente abriria – quem será a equipe econômica, quem será a base de apoio –, Agostini pondera que a mudança de governo não melhora tanto a gestão das estatais – entre as que mais subiram, ontem – simplesmente porque não se trata de vontade ou estratégia:
– A Petrobras tem um problema de dívida. Em um novo governo, o Tesouro não vai depositar dinheiro lá, até porque não tem.
O economista avalia que não é correto dizer que o mercado é "antidilmista" por seu comportamento na campanha: o desejo, na época, era de mudança, e a candidata à reeleição não representava esse anseio. Agostini avalia que os investidores "se prendem em algo que dê esperança" em momento de desespero.
– Dizem que o mercado sobe no boato e cai no fato. Amanhã, pode ser que o pessoal realize.