O que a gente realmente consegue conquistar sozinho? Mas sozinho mesmo…
Quase nada. Vamos aos primeiros sapiens. O primeiro leão que quis nos matar. Matou.
O segundo, nós já levamos um amigo pra ajudar. Ficou mais fácil. Para nós. Um chama atenção, o outro ataca o rei da selva desprevenido. Fim. Ganhamos.
Que nossos egos frágeis apostam nas redes para nos vangloriarmos qualquer filtro ou edição de vídeo prova. O que é difícil de achar é gente agradecendo outra gente por ter conquistado algo.
Veja bem: este texto não é para tirar o rigor do seu esforço, foco e troféu conquistado. Não. Não. Você merece. Você mudou e foi lá e fez. Estamos falando do macro.
No mínimo alguém o aconselhou. No mínimo alguém o “editou”. No mínimo alguém disse que não era por ali, que o caminho era esse outro, que esse livro lhe ajudaria, que essa pessoa aqui poderia te aconselhar.
Pesquisadores americanos da Universidade de Stanford foram atrás de uma resposta para uma das perguntas mais clássicas de entrevistas de emprego: você prefere trabalhar sozinho ou em grupo?
Dividiram a turma em três grupos. O problema era simples: o melhor roteiro de viagem que passasse por 25 cidades diferentes. Os que trabalharam totalmente sozinhos entregaram bons e péssimos roteiros. Os que só trabalharam em grupo a mesma coisa. Mas os que guardaram tempo para pensar sozinhos e dividir algumas coisas para o todo se saíram melhor. Ou seja: quem consegue pensar sozinho e ouvir conselhos e mudar algo, ou até ratificar uma ideia, se dá melhor.
Por isso que adorei o discurso de agradecimento do Emmy 2024 do ator da série delícia The Bear: ele se chama Ebon-Moss Bacharat. O que o cara fez? Só citou nomes. Dos colegas, do escritório dele, de amigos, da família. Nada mais além de nomes próprios, pessoas. Um texto inteiro, no momento mais legal da vida dele, apenas vangloriando quem o ajudou.
No momento mais importante da vida do cara não teve discurso emocionante, discurso pra corte de internet, palavras bonitas. Só teve nomes. Só os nomes de quem ajudou.
Só a linda e cientificamente provada percepção de que é impossível ser feliz sozinho.