"O teu caminho é o meu caminho. Azar ou sorte, estamos na mesma direção. Enquanto eu falo, você não escuta, eu não escuto o que você fala. E assim nós vamos, em separado, mesmo ao teu lado. Ninguém mais quer se ouvir."
Assim começa o novo disco de Duca Leindecker. Sim, Duca Leindecker, este homem de barba grisalha e sorriso sincero na foto, está prestes a lançar disco novo. Você já pode inclusive comprá-lo a R$ 30 pelo site produtooficial.com.br. Como sou amigo do Duca, já escutei as 13 faixas do CD – e, como a música de abertura, as outras também têm a poesia característica do homem à frente da Cidadão Quem e da Pouca Vogal. São baladas, em sua maior parte, levadas por violão ou guitarra e, às vezes, com alguma pegada eletrônica. Ouça. Se você gosta do Duca, vai gostar de Baixar Armas.
Ah, o disco se chama Baixar Armas. E a capa é uma granada com flores, como se fosse um arranjo dentro de um vaso. Poesia musical, poesia visual. Poesia sobre afrouxar – ou "afloxar", como diríamos no Alegrete – as tensões, tentar unir os discordantes, falar calmamente enquanto todos gritam. Baixar armas, enquanto o resto as empunha com raiva e dentes cerrados.
Recebi a imagem da capa e postei a imagem no Twitter. Muitos acharam ela linda, e muitos viram ali um discurso político, uma opinião sobre armamento, um xingamento a Lula ou a Bolsonaro, o que seja. Não acredito que Duca tenha pensado nisso, mas que ótimo. Que ótimo que vivemos em um país em que alguém pode fazer uma capa com uma granada e uma flor, alguém pode achá-la linda e outro alguém pode achar um absurdo. Duca se expressou e fez com que se expressassem. Ouça Baixar Armas.