A força da rivalidade Gre-Nal foi comprovada, mais uma vez, com o clássico 443. Há dois mundos que, quando se encontram, mobilizam o Rio Grande inteiro. Porém, esses mundos seguem separados, quase sempre, quando os dois clubes precisam somar suas diferenças e buscar negócios juntos, com contratos conjuntos de patrocínio, por exemplo.
Cai de maduro há muito tempo a transformação do clássico em um produto pelos dois clubes, com a criação da marca Gre-Nal. Assim como fez a La Liga com o El Clásico, por exemplo. Os dois jogos entre Real e Barcelona são eventos distintos dentro da La Liga. Há as 38 rodadas do Campeonato Espanhol e, em meio a isso, dois El Clásicos, uma marca própria, com ativações e ações publicitárias especiais.
A visão de negócios que fez a La liga acender essa centelha é mesma que aproximou as gestoras do Beira-Rio e da Arena. As duas empresas se uniram e encontraram solução para atrair shows e driblar as dificuldades impostas pelo calendário do futebol brasileiro, nem sempre guiado pela previsibilidade.
O modelo de negócio que une Brio e Arena Porto-Alegrense funciona da seguinte forma: quando uma produtora consulta um dos estádios para marcar um show fora de data Fifa, a agenda é garantida imediatamente. Esses shows são marcados com quase um ano de antecedência. No contrato, fica definido que, havendo colisão de data com uma partida do clube mandante, o espetáculo será transferido para o outro estádio da cidade.
O modelo de negócio estabelecido pela Brio e pela Arena aponta que a empresa que absorver o show fica com a maior parte da receita e um percentual é destinado à parceira. Ou seja, todos ganham.
A ideia já foi colocada em prática no ano passado. O show de Roger Waters entrou pelo Beira-Rio e acabou sendo levado para a Arena porque uma partida do Inter em casa acabou marcada para o período. Com o espetáculo de Gusttavo Lima, aconteceu o inverso.
Esse modelo de negócio será colocado em prática outra vez em 2025. Há um show de grande porte com reserva feita para o Beira-Rio. Como será fora da data Fifa, quando o futebol dos clubes para por quase duas semanas, a data também está reservada na Arena. Um espetáculo de grande porte exige período de sete a 10 dias, para montagem e desmontagem do palco.
— Esse modelo de negócios foi a saída que encontramos para manter Porto Alegre na rota dos grandes shows. A cidade começou a perder datas radicalmente por essa dificuldade das datas. Florianópolis e Curitiba estão na nossa frente hoje — me explicou Paulo Pinheiro, presidente da Brio.