O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), formado por militares do Exército, deflagrou a Operação Escudo. Ela consiste em assumir a segurança nos palácios do Planalto, da Alvorada, do Jaburu e da Granja do Torto, todos ligados à Presidência da República.
Militares das Forças Armadas também ajudam na varredura dos prédios que Esplanada dos Ministérios, para verificar se ainda existem explosivos na região, informou ao colunista um general.
Tudo isso em decorrência dos atos terroristas praticados pelo catarinense Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, que morreu ao manusear uma bomba de fabricação caseira.
Francisco Wanderley, chaveiro de profissão, era um extremista de direita, conforme pode ser constatado em suas manifestações em redes sociais. Ardoroso admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele se mostrava inconformado com a derrota eleitoral do bolsonarismo e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência.
As primeiras investigações da Polícia Federal, da Polícia Civil do Distrito Federal e do próprio GSI indicam que Wanderley é um lobo solitário. Rastreamentos iniciais não apontam que ele tenha obtido ajuda para detonar os explosivos no carro (de sua propriedade) e os que carregava.
De qualquer forma, o ato extremo do catarinense não foi acidental e sim, meticulosamente planejado.
Seguranças do STF testemunharam quando ele pegou uma mochila com bombas caseiras, jogou algumas em direção ao prédio federal, depois deitou e usou um artefato para explodir o próprio corpo. Antes disso, tinha armazenado bombas na residência.
Não há acaso nisso. Agora será feito rastreamento de suas mensagens de celular, para verificar se contou com apoio no seu plano terrorista.
Nada pode ser descartado, até porque existem precedentes. Em 2022, pouco antes das eleições, a PF interceptou e prendeu bolsonaristas que planejavam explodir torres de alta tensão, um caminhão-tanque e fazer explosões no aeroporto de Brasília.
A linha parece similar à adotada pelo terrorista que se implodiu na noite de quarta-feira (13) em Brasília. Filiado ao PL, Wanderley falava em impedir que o Brasil se torne um "país socialista". E canalizava seu ódio para o Supremo Tribunal Federal (STF), que garantiu a posse de Lula e determinou a prisão de mais de 1,3 mil radicais de direita que tentaram um golpe de Estado em 8 de janeiro.
No Facebook, o chaveiro catarinense postou a frase: "Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda". Ele também postou foto sua em frente ao prédio do STF.
Após uma desavença familiar, saiu de Rio do Sul (SC) e foi para o Distrito Federal, onde alugou uma residência em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília.
Wanderley visitou várias parlamentares bolsonaristas no Congresso. Era visto de forma folclórica, por suas posições radicais e inflamadas. Mesmo que tenha atuado de forma isolada (como indicam as primeiras investigações), o catarinense ajudou a minar a própria causa que defende tão radicalmente.
Um dos primeiros efeitos colaterais é reviver, entre os políticos, o temor de que sejam vítimas de um golpe, como o que foi tentado em 8 de janeiro de 2023. Fica bastante enfraquecido o projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados e prevê anistia aos condenados por aqueles ataques golpistas.