Entre as missões do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o órgão responsável pela segurança do Presidente da República, estão:
- Prevenir a ocorrência de ameaças graves e iminentes à estabilidade institucional;
- Organizar a resposta de gestão de crises a uma ameaça à estabilidade nacional e institucional
Pois o GSI está no olho do furacão político desde que falhou, miseravelmente, em detectar e informar os planos golpistas que desencadearam o "badernaço" promovido por militantes bolsonaristas em 8 de janeiro passado. Como o leitor está até cansado de saber, adeptos de Jair Bolsonaro (PL), indignados com a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), invadiram e depredaram as principais sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário no país.
A façanha não foi feita por infiltrados. Basta lembrar que vários dos depredadores se autoincriminaram, filmando a si mesmos enquanto participavam da invasão e/ou do quebra-quebra. Os nomes deles são conhecidos e todos apoiavam ostensivamente o candidato que perdeu o pleito presidencial de novembro. Entre os vândalos flagrados em vídeos estão políticos diversos (inclusive aspirantes a vereador no Rio Grande do Sul), policiais e militares.
Essa ressalva não isenta o GSI, já naquele momento encabeçado por gente escolhida por Lula, de falhas monumentais. Os arapongas, se detectaram os planos de baderna, não os expuseram a contento. Pior: agentes do GSI foram filmados por câmeras internas abrindo portas e servindo água ou café aos invasores do Palácio do Planalto. Ainda mais grave: entre os que abrem caminho para os vândalos está o general Gonçalves Dias, o G. Dias, chefe do GSI, da confiança de Lula.
Isso se sabe agora, porque os vídeos não estavam disponíveis até o início desta semana. No embalo do escândalo de divulgação das imagens, G. Dias renunciou. Prato cheio para a oposição bolsonarista, que bate na tecla de que o lulismo permitiu a depredação porque lhe convinha colocar o presidente na condição de mártir e defensor da democracia. A grande questão é: foram falhas ou omissões deliberadas? O fato é que o GSI sai desse episódio parecido com o Exército Brancaleone daquele filme célebre, um amontoado de pândegos inconsequentes.
Tudo isso será agora analisado por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (composta por deputados federais e senadores) e, também, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com a saída de G. Dias do cargo, o governo até passou a tolerar a CPMI. Aposta no fato de que os baderneiros eram mesmo bolsonaristas e foram identificados como tal. Acontece que comissões parlamentares são como guerras: se sabe como começam, nunca como terminam. É uma jogada arriscada. Já a oposição, curiosamente, parece não temer ver o rosto dos autores do quebra-quebra, mesmo que entre eles estivessem vários militantes conhecidos do bolsonarismo. Salve-se quem puder. E quem for mais convincente.