Auditores, fiscais, policiais e todos os que, como eles, têm como profissão zelar pelo cumprimento das leis aguardam com expectativa um júri histórico. Está marcado para 24 de maio, em Belo Horizonte, o julgamento do fazendeiro Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de quatro servidores do Ministério do Trabalho que vistoriavam irregularidades em sua propriedade rural em Unaí (MG).
Dos quatro assassinados, três eram auditores e o quarto, motorista. A chacina foi cometida em 28 de janeiro de 2004. No dia do crime, eles investigavam denúncias de trabalho escravo no município, que fica na região Noroeste de Minas.
Um dos maiores produtores de feijão do país e ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica era alvo frequente de fiscalizações trabalhistas. A maioria delas realizada pelo auditor-fiscal do Trabalho Nelson José da Silva, lotado na Gerência Regional do Trabalho de Paracatu (MG) – um dos assassinados.
Os quatro servidores públicos foram emboscados com tiros de espingarda quando transitavam de carro por uma estrada de chão batido.
A investigação chegou a três pistoleiros, que foram condenados; a dois intermediários, que teriam contratado o crime, também condenados; e a quatro supostos mandantes, três dos quais condenados. Um deles é Norberto Mânica, sentenciado a 56 anos de reclusão e irmão de Antério.
O próprio Antério chegou a ser condenado, a cem anos de reclusão. Só que seu julgamento foi anulado, pelo surgimento de um fato novo. Norberto assumiu ter encomendado a morte dos fiscais e disse que o irmão não estava envolvido na conspiração.
A Justiça Federal optou por fazer novo júri em relação a Antério, que deve acontecer em 24 de maio.
O espantoso nesse caso é que os condenados gozam de relativa liberdade. Alguns esperam soltos decisão da Justiça para executar a sentença. Outros estão em liberdade domiciliar ou em regime aberto.
Os irmãos Norberto e Antério continuam em liberdade, graças a recursos movidos contra a condenação. A maioria deles ainda vive em Unaí e região. Nada espantoso para o país dos recursos jurídicos, chamado Brasil.