Foi com certo alívio que as autoridades da segurança pública do Rio Grande do Sul receberam a checagem das identidades dos nove presos até agora por suspeita de envolvimento no mega-assalto em Criciúma, na terça-feira (1º). Nenhum deles é gaúcho – ou, pelo menos, nenhum portava identidade feita no RS.
É sempre possível que usem documentos forjados. Aliás, um dos detidos tinha duas identidades, com nomes diferentes, ambos do Estado de São Paulo.
Para quem ainda não sabe: um dos suspeitos foi preso em Três Cachoeiras (RS) numa casa com fardas, material para acionar explosivos, roupa com sangue, toucas ninjas e base para radiocomunicadores. Outros três foram presos em Passo de Torres (SC). Dois outros, em São Leopoldo (RS). E uma mulher foi presa em São Paulo, numa casa cheia de munições de fuzil e malotes com dinheiro do Banco do Brasil.
Esse colunista conseguiu dados sobre sete dos nove presos. A mulher é companheira de um líder de quadrilha investigado por roubos no interior de São Paulo e suspeito de atuar no assalto em Criciúma. Um dos presos em Três Cachoeiras é de São Caetano do Sul (SP), o outro é de Sorocaba (SP). Dos detidos em São Leopoldo, um é de Mauá (SP) e outro de São Caetano do Sul, mas radicado em Mauá. Os dois presos em Gramado na manhã desta quinta-feira (3) também seriam paulistas.
Mesmo com cautela diante de possíveis documentos falsos, os policiais catarinenses e gaúchos estão convencidos de que o roubo em Criciúma foi articulado por paulistas. A reforçar isso está o fato de um caminhão incendiado para bloquear a BR-101 e retardar a perseguição policial ter sido roubado em Araraquara (SP), que sofreu um assalto idêntico ao de Criciúma nove dias atrás.
Pelo menos cinco assaltos em território paulista entre 2019 e 2020 tiveram características quase iguais aos do efetuado em Santa Catarina, o maior já realizado naquele Estado. As suspeitas convergem para ladrões a serviço do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção paulista que é a maior do Brasil. Um dos presos em Gramado é suspeito de vínculo com essa organização criminosa.