Agora já existe corpo e, portanto, está mais configurado o crime. Em Soledade, norte do RS, Paula Perin Portes, 18 anos, caminhou para a morte ao marcar encontro com um jovem com o qual flertava por mensagens. Ele é ligado ao tráfico de drogas e está foragido.
A última vez em que a jovem foi vista tinha procurado o rapaz, talvez para viabilizar o crush, talvez por outros motivos.
O certo é que ficou dois meses desaparecida, até seu corpo ser encontrado, na noite de domingo (16), envolto em saco plástico e enterrado numa cova rasa em meio a uma mata.
A principal suspeita é que Paula tenha testemunhado ou ameaçado revelar algo, o que a levou à morte, como revela a colega Jeniffer Gularte. Os detalhes devem surgir com o tempo, mas é preciso parabenizar a Polícia Civil. Sem corpo durante dois meses, sem depoimentos de testemunhas, estão perto de elucidar o crime. Digno de celebração, num Estado em que muitos casos similares permanecem sem solução.
Dia desses o jornalista Carlos Wagner cobrou esclarecimentos de três episódios da história recente do RS, todos envolvendo mulheres sumidas, cujos companheiros são suspeitos das mortes. O mais notório é o da professora Cláudia Hartleben, bióloga da Universidade Federal de Pelotas, desaparecida desde 2015. Um ex-companheiro dela chegou a ser indiciado pelo crime, por causa de ameaças que teria feito a Cláudia, mas a Justiça não encontrou elementos para processá-lo.
Outro caso é o da comerciante Sirlene de Freitas Moraes e seu filho Gabriel, que desapareceram em Porto Alegre em 2005. Um ex-namorado dela, casado, chegou a ser preso, mas acabou libertado e não foi processado. E a lista inclui também Cíntia Luana Ribeiro Moraes, grávida de sete meses e com apenas 14 anos, que sumiu de Três Passos em 2011. Conforme depoimento de familiares, ela se relacionava com um casado.
Em comum, esses desaparecimentos têm o fato de que a relação das mulheres não ia bem com seus parceiros ou ex-parceiros. Mistérios que ainda desafiam a Polícia Civil gaúcha.