A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Os prejuízos do agronegócio brasileiro pelas queimadas vão além dos R$ 2,7 bilhões inicialmente estimados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). É o que apontaram especialistas nesta sexta-feira (4), em evento organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) sobre incêndios florestais.
— Há o dano imediato, visível, mas também há o dano que a gente não tem condições de avaliar a médio prazo — constatou Carolina Matos, especialista Ambiental da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
Entre os danos imediatos, Carolina cita a destruição de florestas e culturas agrícolas, a morte de animais, incluindo os de criação, e perdas no solo.
— (No solo), outro fator que tem impacto significativo é a queima de biomassa e de toda a rede de microorganismo que sustenta a vida do solo — acrescenta.
Só na cultura da cana-de-açúcar, no entanto, a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA) estima que as perdas poderão R$ 2,5 bilhões. Já são cerca de 390 mil hectares afetados, distribuídos entre São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
É por isso que, para o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, Flávio Okamoto, o produtor está sendo um dos mais prejudicados com essas queimadas.
— Além das perdas agropecuárias, será exigido do produtor a recomposição da reserva ambiental, o que será mais um gasto — justifica Okamoto.
O Brasil enfrenta, atualmente, uma das maiores secas de sua história, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Na esteira desse problema agravam-se as queimadas, conforme o órgão, pela situação climática e por ações criminosas.