A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A recuperação de áreas associada ao florescimento ultra precoce de mudas florestais nativas é uma das alternativas que pode ajudar a reconstruir a fauna e a flora gaúcha no pós-enchente. O conceito e a técnica vieram na bagagem de imersão técnica das secretarias da Agricultura e do Ambiente do RS à Vale, em Brumadinho, que teve área devastada por desastre ambiental em 2019.
A iniciativa utiliza a técnica da enxertia, e consiste na aplicação de hormônios que aceleram o florescimento das plantas, explica o coordenador do Plano ABC+RS e integrante da comitiva, Jackson Brilhante. A Vale aplica o processo há cerca de cinco anos em áreas de Brumadinho e de Belo Monte, que também passa por recuperação.
— Ao tempo em que se faz o plantio, (as mudas) já conseguem florescer, atraindo agentes polinizadores, dispersando sementes na área e acelerando o processo de recuperação ambiental — diz Brilhante.
As técnicas permitem, ainda, resgatar indivíduos de regiões atingidas, trazendo-os para um único ambiente e fazendo com que cruzem entre si. Isso aumenta a variabilidade genética e a produção de sementes de alta qualidade, já adaptadas a inundações e solos com mais umidade.
Ao longo de três dias, as equipes mergulharam em iniciativas de várias frentes, priorizando ações nos âmbitos de recuperação ambiental e agropecuária. Os servidores retornaram ao RS na sexta-feira (13), já focados em aplicar o que viram.
Apesar da diferença na origem dos problemas, o impacto pelo arrasto da água foi semelhante nos dois Estados, por isso a troca de informações pode ajudar a conduzir a recuperação desses locais.
— O impacto na vida das pessoas foi o mesmo. Os produtores tiveram de ressignificar todo o processo para, principalmente, continuarem produzindo de forma adequada — diz o pesquisador, sobre a semelhança entre as duas catástrofes.