Diante dos efeitos trazidos pelo avanço das importações de lácteos de países do Mercosul, em especial Argentina e Uruguai, a Frente Parlamentar da Agropecuária gaúcha solicitou ao governo federal que seja aplicada uma taxa para a entrada desses itens no Brasil. Em documento encaminhado na quarta-feira (14) ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, o pedido é para que seja adotada uma Tarifa Externa Comum (TEC) de 12%, por um período de seis meses, para produtos de países do bloco. Para reforçar a reivindicação, o presidente da frente, deputado Elton Weber, deve ir a Brasília na próxima semana.
— Não queremos cortar relações de comércio, porém, precisamos (da medida). Isso já foi feito antes. Estamos sendo coerentes com o problema que está acontecendo — diz o parlamentar.
O problema a que se refere é o temor de que a crise vivida na produção de leite se agrave, fazendo com que mais famílias abandonem a atividade. Preocupação enfatizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), que defende a adoção da tarifa. Vice-presidente da entidade, Eugênio Zanetti destaca que a “enxurrada” de produtos lácteos de países vizinhos tem feito com que o valor pago ao produtor pelo leite registre queda em período tradicionalmente de alta — a chamada entressafra:
— Estamos chamando a atenção porque não vai sobrar produtor. A concorrência com esses países é desleal. Uruguai e Argentina têm incentivos ao produtor que não temos.
Com benefícios e custos menores, o resultado, acrescenta o dirigente, é que os lácteos desses locais ficam com preços difíceis de serem batidos. Um exemplo recente citado é do o leite em pó usado para a produção dos chocolates de Páscoa. A diferença no preço do quilo chegou a até R$ 9 a menos na matéria-prima importada.
— A Argentina direcionou sua produção para o Brasil. Hoje, é o grande mercado que vislumbra, porque acaba tendo um custo logístico bem menor (do que outros destinos) — observa Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do RS.
De janeiro a abril deste ano, o volume de lácteos importado pelo Brasil da Argentina e do Uruguai cresceu 230,6%, segundo dados da plataforma Comex Stat.