A sabatina com candidatos ao governo do Estado na Casa RBS mostrou que a lição sobre a importância da produção gaúcha está bem clara. Desde as propostas mais radicais, como a de que as propriedades privadas devem ser expropriadas, até as mais "tradicionais", como o incentivo à irrigação, todas colocam o setor como protagonista. Porque em um Estado onde 40% do PIB vem do agronegócio, não é possível chegar ao Piratini sem passar pela produção primária.
Em um ambiente rural como é o da Expointer, é fundamental afinar o discurso. Afinal, o peso do segmento aparece também nas urnas. Um endosso vindo do campo pode se converter em boa votação e, mais futuramente, em maior governabilidade. Não por acaso dois dos candidatos à presidência da República escolheram os vices — ou melhor, as vices — em meio ao segmento.
Neste contexto, o painel com os postulantes ao Piratini foi, pode-se assim dizer, uma safra cheia. Foram-se as farpas, ficaram as propostas. Dentro do tempo que lhes foi concedido para cada resposta, Roberto Robaina (PSol), Julio Flores (PSTU), Eduardo Leite (PSDB), Miguel Rossetto (PT), Jairo Jorge (PDT), Mateus Bandeira (Novo) e José Ivo Sartori (MDB) procuraram apresentar as fórmulas que enxergam para conduzir as políticas do setor.
A guerra fiscal entre os Estados e a perda de competitividade marcaram as primeiras explanações.
Depois foi a vez da agricultura familiar, passando ainda por alternativas ao modal rodoviário para escoamento da produção, crise no leite, cobrança de ICMS na venda de produtos agrícolas, projetos para o parque Assis Brasil, segurança no campo e incentivo à irrigação, em especial na Metade Sul.
Algumas sugestões têm terreno mais fértil do que outras. A ideia de propor o fim da propriedade privada certamente causou calafrios em entidades que representam o setor e que têm no direito à propriedade um dos mantras mais sagrados. Por outro lado, a defesa do porte de arma nas propriedades deve ter agradado. Localizados em áreas remotas e distantes da polícia, os agricultores defendem com unhas e dentes essa medida.
Mas o que fica do encontro é a certeza de que o campo é uma voz importante e que não pode ser ignorada por quem deseja governar o Estado.