Que a Metade Sul é a nova fronteira agrícola da soja no Estado não existe a menor dúvida. Mas os bons ventos que sopraram sobre a região nas últimas cinco safras deixaram as particularidades da produção nessa área _ sendo o tempo uma delas _ em segundo plano. Agora que a falta de chuva voltou a compor o cenário, velhos dilemas vieram à tona.
A necessidade de investir em tecnologias capazes de garantir a quantia necessária de umidade às plantas, como os pivôs de irrigação, é uma dessas questões, mas não a única. Há outros itens a serem observados, como manejo. A repórter Joana Colussi rodou pelo norte e pelo sul do Estado e comprovou isso. Encontrou exemplos de bons resultados nas lavouras mesmo onde o volume de precipitação foi muito inferior ao do ano passado.
Não há mágica. É necessário planejar e desenhar a melhor opção para cada propriedade. Um dado trazido pela reportagem chama a atenção: na Campanha, onde se cultivam 650 mil hectares de soja, metade dos produtores arrendam terras. E isso faz toda a diferença.
É como a pessoa que mora em casa própria e a que vive em uma alugada. A primeira faz investimentos que proporcionem melhorias porque sabe que o bem é seu. No caso de um inquilino, a segurança desaparece. E no que se refere ao arrendamento de terras há ainda um agravante: o locatário pode não ficar com a propriedade o ano inteiro. Seria mais ou menos como alugar um apartamento em que você fica por parte do ano, e outra família fica no período restante. São jeitos diferentes de lidar com o mesmo imóvel, atendendo às necessidades de quem aluga.
Isso se aplica à terra, que depende de continuidade de ações, de rotação de cultura e planejamento para que consiga ser terreno fértil à atividade agrícola.
É claro que esse não é único fator das dificuldades enfrentadas por quem produz na região, que historicamente tem menos chuva. Mas é um item importante a ser considerado. Para consolidar o cultivo da soja na nova fronteira, será preciso fazer a lição de casa.