A não realização da dragagem de manutenção no porto de Rio Grande volta a causar paralisia no escoamento da safra de grãos do Estado. Desde a semana passada, graneleiros vêm tendo dificuldades de deixar o local por conta do assoreamento do canal de passagem, em situação semelhante à registrada em abril deste ano. Nesta terça-feira (5), o superintendente Janir Branco vai a Brasília para reunião com o Ibama. O licenciamento ambiental para a limpeza está pendente, o que impede o início do procedimento.
– O superintendente se colocará à disposição para assinar termo de compromisso ambiental para que liberem a obra, que está se tornando de emergência – diz Darci Tartari, diretor-técnico da superintendência do porto.
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Para as embarcações conseguirem passar, é necessária profundidade mínima de 14 metros. Tartari explica que há pontos em que isso não ocorre. Além disso, para garantir a segurança das embarcações, há cerca de dois meses, as autoridades portuárias determinaram que os navios só possam sair quando a maré estiver 50 centímetros acima do nível normal. Para isso acontecer, é preciso uma combinação de fatores climáticos. E depender do tempo é sempre contar com a sorte.
Em um Estado com vocação agrícola como o Rio Grande do Sul é preciso ter o controle da situação, para evitar prejuízos. Mais do que paralisar a saída de navios carregados com grãos – o que tem um efeito cascata, bloqueando o recebimento de produto e encarecendo ainda mais o frete –, a situação de agora poderá continuar se repetindo, impactando a próxima safra de verão.
– Se não for feita a dragagem, haverá consequências – alerta o diretor técnico.
Segundo a superintendência, os recursos para a dragagem, que permitirá se chegar à profundidade de 16 metros na parte interna e 18 metros na parte externa do canal, já existem. Dos R$ 368 milhões totais, R$ 83 milhões já estariam empenhados pelo governo federal para a execução da obra, que leva 10 meses para ser concluída – ou seja, se começasse hoje, não estaria concluída até a entrada do maior movimento da safra de verão. Tartari afirma, no entanto, que dentro três a quatro meses já é possível viabilizar os 14 metros mínimos.
A situação atual preocupa, tanto que a câmara do comércio local está se mobilizando. Ontem, a presidente da Federasul, Simone Leite, falou sobre o problema – a entidade emitiu nota:
– É um impasse muito grande para questões econômicas do Rio Grande do Sul. Somos um Estado exportador, e as empresas estão tendo prejuízos diários.