Na indústria e no varejo, o setor de carnes sentiu no preço os efeitos da Operação Carne Fraca. Nas semanas que se seguiram à ação, houve recuo nos valores mesmo no Rio Grande do Sul, onde não há planta sob investigação.
O preço do boi, por exemplo, caiu 7,14% – o quilo da carcaça passou de R$ 9,80 para R$ 9,10.
– Os frigoríficos pararam de abater, o que fez com se tivesse oferta maior – explica Zilmar Moussalle, diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Produtos Derivados (Sicadergs).
Os abates foram retomados com o anúncio do fim das restrições de mercados importantes como China e Hong Kong. Mas os preços poderão se manter em baixa. Muitos países aproveitaram a situação para renegociar contratos, reduzindo cerca de US$ 200 a tonelada.
Nas aves, a redução foi um pouco menor, de 5%, segundo a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) – o frango resfriado passou de R$ 4,90 o quilo para
R$ 4,65. Não houve diminuição no ritmo de produção, mas o produto que iria para o mercado externo teve de ser redirecionado para o interno.
– Houve tentativa de especulação. Mas a expectativa é recuperar agora, com a retomada dos mercados – afirma José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Asgav.
A carne suína se manteve estável na indústria que mantém relação de integração com os produtores, observa Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips). Produtores independentes, no entanto, tiveram dificuldade pelo aumento da oferta.
– Houve queda de 5% no preço do quilo vivo. Foi um movimento de especulação – confirma Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos (Acsurs).
Nas prateleiras de supermercados, os valores também recuaram nas semanas após a operação – para o consumidor, uma boa notícia. Carnes bovinas mais nobres caíram entre 10% e 20%, dependendo do tipo de corte e do frigorífico.
A constatação é da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) e também resulta do redirecionamento de produto que seria exportado.
No frango inteiro, houve diminuição menor, de 5%.
– O mercado deve continuar nervoso por mais uns 15 dias – opina Antônio Cesa Longo, presidente da Agas.