Maior investimento privado da história do Rio Grande do Sul, a nova operação de R$ 24 bilhões da CMPC também será o maior aporte de uma empresa chilena fora do Chile, disse o diretor-geral da unidade de Guaíba, Antonio Lacerda, ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Com fábrica e terminal portuário em Barra do Ribeiro, a sua implantação vai gerar 12 mil empregos.
Qual o cronograma?
Estamos em processo de obtenção das licenças necessárias, para que possamos aprovar a instalação da fábrica no começo de 2026 e iniciar a produção em 2029. São três anos de construção. Hoje, temos 6 mil pessoas diretas ou indiretamente trabalhando na produção de celulose da CMPC no Rio Grande do Sul. Vamos agregar mais 2,5 milhões de toneladas de produção. Hoje, produzimos 2,4 milhões em Guaíba.
Como as unidades vão se comunicar?
São 18 quilômetros de uma para outra, e a via de Guaíba até Barra do Ribeiro será asfaltada. Serão as duas fábricas mais próximas do tamanho que elas têm no mundo. A ideia é que sejam o mais conectadas possível, para integrarmos a produção e aproveitar sinergias. A região será o maior eixo de produção de celulose no mundo. Serão quase 5 milhões de toneladas de celulose sendo produzidas, trará um ciclo virtuoso muito grande. Temos que planejar muito bem com autoridades municipais, estaduais e instituições para sermos exemplo para o mundo.
Vão influenciar ainda mais os preços mundiais...
Imaginamos que o mercado mundial de celulose seja de 270 milhões de toneladas. O maior uso é para papel-toalha e higiênico, mas tem um grande consumo crescendo para roupas. Aliás, o maior consumidor da celulose de Guaíba produz roupas na China. É importante porque diversifica, e o preço vai pela demanda. A substituição do plástico também cresce nossa demanda, e o papel da CMPC e do Rio Grande do Sul é de protagonismo.
Como será o transporte ao porto de Rio Grande?
Precisamos fazer uma dragagem de 700 metros depois da enchente. E olha que fizemos há dois anos. Estamos no processo de licitação para executar a obra o quanto antes, porque as barcaças já começam a arrastar o fundo. Queremos ter um terminal dedicado para a CMPC junto com parceiro nosso lá em Rio Grande para exportar celulose. Hoje, é uma área que pertence à União. Fizemos manifestação de interesse privado junto ao Estado, que engatilha todo o processo. O governo federal, via autarquia SPU (Secretaria de Patrimônio da União), precisa conceder a área para o Estado, para que licite e nós participamos. Exportamos 96% da celulose que produzimos., e esse é o calcanhar de Aquiles que temos no cronograma do projeto.
Como faz para trabalhar na CMPC?
Já precisamos hoje de pessoas. Para a nova fábrica, iniciaremos a divulgação das vagas no ano que vem, diretas ou para terceiros. Acho que temos que criar um portal só.
Como a CMPC trabalha para reverter efeitos ambientais de tudo o que produz?
Isso é absolutamente chave dentro de uma operação de produção de celulose. Por isso, investimos no BioCMPC, com grande atualização de processos e equipamentos para garantirmos o menor impacto possível ao meio ambiente e à segurança das pessoas. A nova fábrica vem com esse espírito também. Estaremos na fazenda Barba Negra, com 10 mil hectares, dos quais 25% ficam em área de preservação e os outros 75% têm eucaliptos plantados. Onde vamos com eucalipto, preservamos quase a proporção de um para um. É mito que o eucalipto resseca a terra, que prejudica o terreno. Assim como é mito que manga com leite faz mal.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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