Foi a vacinação que evitou uma queda maior do PIB no terceiro trimestre de 2021. Isso porque a recuperação no setor de serviços, que mais pesa no cálculo do principal indicador da economia brasileira (70%), sustentou para que fosse "leve" o recuo de 0,1% sobre o segundo trimestre, quando a economia já tinha recuado 0,4% (entrando em recessão técnica).

Enquanto a indústria ficou estagnada (0%) e a agropecuária recuou forte com encerramento da safra de soja e bienalidade do café (-8%), o setor de serviços subiu 1,1%. Ele foi puxado por outras atividades (+4,4%), que reúnem serviços prestados às famílias. Aqui, entram, por exemplo, restaurantes, hotéis e transporte. São segmentos que sofreram muito com os fechamentos quando a pandemia se agravou em fevereiro e março. A reabertura fez as pessoas gastaram mais no varejo no segundo trimestre. Mas o terceiro, com o avanço da vacinação, levou o consumo para os serviços. 

- Com o avanço da vacinação contra a covid-19 e o consequente aumento da mobilidade e reabertura da economia, as famílias passaram a consumir menos bens e mais serviços - acrescentou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.    

O desempenho da agropecuária também afetou as exportações. A indústria, por sua vez, segue com o impacto da alta e falta de insumos, além de estar "importando", junto com o varejo, a inflação internacional dos fretes. 

Aliás, o avanço maior da vacinação poderia garantir um ótimo último trimestre. O período reúne Black Friday e Natal, além da temporada de férias. Temos o componente do "consumo de vingança", com as pessoas elevando gastos para compensar o sacrifício da pandemia. Porém, esses aspectos positivos têm, principalmente, inflação como obstáculo. Ela aumenta os preços e diminui a renda das famílias. 

Para fechar, um alerta do economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Oscar Frank, para 2022 já:

- Se a economia ficar estagnada no último trimestre, o PIB fecha o ano em 4,8%. Para 2022, o “carregamento estatístico” é de -0,1%. Ou seja, não contaremos mais com bases de comparação fracas.

Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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