A cera que se forma no ouvido é uma secreção normal produzida para limpar, proteger e lubrificar o conduto auditivo.
Pequenas partículas que penetram com a poeira e a poluição ficam presas no cerume, que as impede de chegar à membrana do tímpano. A mastigação, os movimentos das articulações temporomandibulares e a descamação da pele do conduto auditivo externo ajudam a empurrar o cerume velho na direção da abertura externa, de onde será eliminado durante o banho.
O cerume é produzido nos dois terços externos do conduto auditivo. O terço interno, junto à membrana do tímpano, fica praticamente livre dele, providência da natureza para impedir que a cera ficasse impactada contra a membrana, interferindo com sua capacidade de vibrar e transmitir as ondas sonoras para o interior do ouvido.
Quando esse mecanismo de autolimpeza funciona mal, o cerume pode se acumular, endurecer e bloquear o canal, parcial ou totalmente.
Os principais sintomas provocados pela obstrução são: dor, prurido, sensação de corpo estranho, zumbido, perda de acuidade auditiva, secreção purulenta e até tosse.
O risco de obstrução aumenta com a idade, com o uso de aparelhos auditivos, de tampões e com a introdução de cotonetes e outros objetos. O diagnóstico é feito pelo exame do local com o otoscópio.
O tratamento conservador pode ser uma opção. Muitas vezes, a medida mais sensata é observar por alguns dias para ver se ocorre eliminação espontânea.
Caso contrário, a irrigação com água morna ou soro fisiológico aquecido é a alternativa mais empregada. Embora a lavagem possa ser realizada em casa, a recomendação é que seja feita por alguém com experiência. Nos casos de pessoas com otites frequentes, com próteses ou perfuração na membrana do tímpano, a irrigação deve ser feita por um otorrinolaringologista.
O risco de obstrução aumenta com a idade, com o uso de aparelhos auditivos, de tampões e com a introdução de cotonetes.
Gotas de agentes que diminuem a consistência do cerume são úteis, especialmente nos casos de produção excessiva. Os otorrinos não costumam indicar esses agentes em crianças com menos de três anos.
Algumas obstruções exigem remoção mecânica com instrumentos ou aparelhos de sucção, procedimentos que exigem profissionais especializados.
A introdução no ouvido de cotonetes, clipes, hastes de óculos ou de qualquer outro objeto está formalmente contraindicada. Embora eles possam retirar pequena quantidade de cerume, na verdade o que fazem é impactá-los contra a membrana do tímpano, além de traumatizar a pele do conduto auditivo e facilitar o aparecimento de otites bacterianas.
Como a produção de cerume faz parte do mecanismo de proteção do ouvido, não há necessidade de prevenir a obstrução do conduto auditivo. Algumas pessoas, no entanto, podem beneficiar-se de exames regulares: as mais velhas, as que usam aparelhos auditivos, as que usam tampões para dormir e as que têm histórico de produção excessiva de cera.
Tratamentos populares do tempo de nossas avós, como pingar azeite quente ou gotejar álcool, não devem ser utilizados.