Já imaginou como seria se existisse o VAR na Copa do Mundo de 1986? Seria uma chatice se o gol de mão marcado por Maradona tivesse sido anulado por um recurso eletrônico. Ninguém lembraria do histórico "La Mano de Dios" ocorrido na vitória por 2 a 1 da Argentina contra a Inglaterra nas quartas de final.
Não estou dizendo que o gol foi correto. É lógico que não foi. A regra mais elementar de todas diz que o futebol deve ser jogado com os pés, com a exceção dos goleiros quando estão dentro da grande área.
Não faria sentido tentar convencer alguém de que o gol foi justo dentro dos princípios básicos do esporte. É claro que não foi, mas isso também é determinante para o peso que esse lance ganhou.
O árbitro Bin Nasser deveria ter visto o toque de mão de Maradona, mas isso não aconteceu dentro de campo. Então, segue o jogo. O resto é história!
Sou um defensor declarado do VAR. O recurso eletrônico faz parte de uma evolução necessária e natural do futebol. Veio para corrigir muitas injustiças porque a arbitragem já não é capaz de acompanhar tudo confiando apenas no olho humano. Por isso, comemoro a chegada e incentivo o avanço do árbitro de vídeo.
Só que uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa.
Não posso olhar para a Copa do Mundo de 1986 com os olhos de 2020 e lamentar a ausência do árbitro de vídeo. Não adiantaria nada perder tempo com isso. Seria brigar com a história e definitivamente hoje não é dia para isso.
O futebol daquele tempo ocorreu dentro de um contexto diferente do atual. E também foi marcado e evoluiu muito em função de episódios como esse.
É por isso que digo: graças a Deus não havia o VAR no gol de mão de Maradona!
Um homem capaz de fazer o maior gol da história das Copas driblando o time inteiro da Inglaterra, mas também capaz de marcar o gol mais polêmico da história em um mesmo jogo.
Maradona foi um dos deuses do futebol também por isso. Ficará para sempre na história. Descanse em paz, Diego.