Ao dizer que a expulsão de Zé Gabriel é discutível não estou necessariamente afirmando que tenha ocorrido um erro da arbitragem. Pelo contrário, o lance é interpretativo e foi legítima a decisão tomada pelo árbitro Marcelo de Lima Henrique no segundo tempo do empate em 1 a 1 do Inter contra o São Paulo, no sábado (26), no Beira Rio, pela 12ª rodada do Brasileirão.
No entanto, considero que o experiente juiz de 49 anos tenha sido rigoroso ao mostrar o cartão vermelho direto para o defensor colorado por três motivos.
O primeiro ponto que levo em consideração para isso é o fato de que não foi uma entrada com as travas da chuteiras daquelas que nem abre margem para a discussão. Não estamos falando do lance claro que caracteriza a conduta violenta. É lógico que uma expulsão direta não se resume a entradas somente com as travas da chuteira. Por isso, vamos adiante.
O segundo motivo é a forma como Zé Gabriel atinge Igor Gomes. Ele salta com a perna esquerda esticada e chega atrasado para atingir a bola. O pé toca no gramado e não há como travar. Ele se arrasta e acaba atingindo o adversário com a perna direita, que está flexionada. Ou seja, não foi uma entrada maldosa.
O que abre a discussão de expulsão ou não é a intensidade da pancada. Foi isso que gerou em Marcelo de Lima Henrique a interpretação de jogo brusco grave de Zé Gabriel. É aí que entra minha discordância, pois entendo que foi um entrada no limite entre temerária e forte.
É o típico lance que convencionou chamar no meio da arbitragem de cartão laranja. É quando acontece algo forte demais para ser amarelo, mas que ao mesmo tempo não tem impacto suficiente para justificar o vermelho. O que determina a decisão para cima ou para baixo é a interpretação e leitura do árbitro pela temperatura do jogo.
Esse é o terceiro motivo que aponto e o que faria com que minha decisão fosse de mostrar o amarelo. A partida estava muito tranquila. Longe de ser violenta, uma fogueira ou de representar um perigo para que o árbitro perdesse a mão.
Creio que o próprio Marcelo de Lima Henrique tenha tido dúvidas na hora da decisão, pois a imagem mostra ele levando a mão no bolso da camiseta e depois mudando de ideia e buscando o cartão no calção.
Cabe dizer que um lance como esse não cabe interferência do VAR justamente pelo caráter interpretativo. Independentemente da decisão por amarelo ou vermelho, o responsável pelo recurso eletrônico não deve se meter. Fez bem em respeitar a decisão do campo, embora eu discorde um pouco dela.