A grande final da Libertadores de 1983, retransmitida neste domingo (24) pela Rádio Gaúcha e pela RBS TV, registrou uma cena que virou símbolo da competição. Falo da histórica foto em que Hugo De León aparece carregando a taça enquanto um rastro de sangue escorre pelo rosto.
Essa imagem é lembrada de forma recorrente quando alguém quer resumir a raça, a garra e a entrega necessárias para triunfar no torneio sul-americano. Quem assistiu ao jogo entre Grêmio e Peñarol teve ainda mais clara a ideia de que as partidas da época uma guerra dentro das quatro linhas.
Conversei com De León na última quarta-feira (13) na live Papo Gre-Nal dentro do Show dos Esportes. É claro que a história da cena do sangue no rosto do capitão tricolor foi um dos assuntos do bate-papo. O curioso é que nem mesmo o ex-zagueiro sabe o real motivo que gerou o corte.
Além de descartar a existência de uma versão oficial, De León também aproveitou o momento para zoar as teorias dos "corneteiros", que tentam diminuir o episódio e atribuem os mais diversos motivos para explicar o sangramento.
— Alguns que são contra o Grêmio querem achar um parafuso. Cada um quer inventar. Quem é gremista faz uma história que gosta. Quem é colorado logicamente prefere dizer que botei ketchup ou fiz com o prego. Corneteiro sempre vai ter — comentou o ídolo gremista.
Na falta de uma explicação lógica, o Capitão América do primeiro título da Libertadores conquistada pelo Grêmio prefere acreditar na mística da competição.
— Eu, como sou um gremista, acho que aquela bola do segundo gol do Peñarol vinha tão envenenada que a rosca que eu tirei de cabeça me fez um furo. Eu valorizo mais o gol que eu salvei com a cabeça. Ali começou a sangrar. A minha e a do Tita, mas colocaram só a minha foto porque eu era o capitão. Acho que era para valorizar aquele gol que eu tirei do Peñarol — completou.
Histórias como essa serão contadas e recontadas muitas vezes. Elas atravessam gerações e nos ajudam, neste momento sem futebol, a matar a saudade do esporte.