Lances de mão na bola e bola na mão ganharam novos elementos de análise com as mudanças nas regras do futebol que estão valendo desde a primeira rodada do Brasileirão. O principal deles é a distinção de situações de ataque e defesa. Isso faz com que seja um erro grave a tentativa de comparação entre o gol anulado do Flamengo contra o Inter e o pênalti reclamado pelo Grêmio contra o Avaí. É fácil de explicar a diferença.
A regra diz que sempre devem ser consideradas irregulares as situações de toque de mão ou braço na bola de um atleta da equipe atacante para a marcação de um gol, ainda que o lance seja involuntário. Isso também vale para jogadas anteriores ao momento da finalização. Foi justamente o que ocorreu no gol bem anulado do Flamengo contra o Inter. A bola tocou no cotovelo de Rhodolfo e o VAR agiu corretamente ao interferir na decisão do juiz principal, que não tinha percebido a infração. Como não cabe interpretação para essas questões de ataque, o árbitro sequer precisou olhar o monitor à beira do gramado.
Por outro lado, lances de defesa ainda precisam ser avaliados caso a caso. Nem sempre será pênalti quando a bola bater no braço ou na mão de um jogador defensor dentro da grande área. Há situações que seguem sendo consideradas normais e não podem ser tratadas como infração. Um bom exemplo foi o pênalti reclamado pelo Grêmio contra o Avaí. O árbitro acertou na decisão tomada dentro de campo.
Isso porque depois da cobrança de falta de Montoya, o goleiro Vladimir deu um soco e a bola bateu no braço do volante André Moritz dentro da área de maneira acidental. A proximidade entre os dois jogadores do time catarinense e o fato de que o braço está em posição natural são elementos que precisam ser considerados. Não há tempo para que Moritz possa reagir na tentativa de tirar o braço e evitar o contato, embora ele tenha tentado.
Além disso, o goleiro deu um soco na bola para fora da grande área. Ele tinha o objetivo de afastar a jogada para uma zona distante do gol. Qual seria a vantagem do volante do Avaí ao "colocar" o braço na bola? Nenhuma. O VAR não interferiu porque entendeu que a jogada era interpretativa e não havia elementos para questionar a decisão do juiz principal.