Em condições normais, hoje o presidente da República convocaria uma entrevista coletiva e viria à público dar explicações sobre os fortes indícios de uma farra bilionária com dinheiro público, no que está sendo chamado de escândalo do orçamento paralelo. Mas não estamos em condições normais.
A reposta de integrantes do governo segue uma velha prática de outros governos de desqualificar a fonte, no caso a reportagem do jornal O Estado de São Paulo. E pelo histórico do presidente Jair Bolsonaro em outras situações em que foi confrontado com a necessidade de prestação de contas, não se imagina que ele sente para explicar aberta e diretamente as seguintes dúvidas:
- O presidente sabia da manobra orçamentária que mandou R$ 3 bilhões para aliados?
- Se não sabia, o que acha disso e, mais importante, o que vai fazer para consertar a bagunça e apontar os responsáveis?
- O que vai fazer evitar que isso se repita no ano que vem? Neste caso, dando o benefício da inocência até prova em contrário, o presidente teria que passar a dedicar mais tempo a entender o que os subordinados andam fazendo com dinheiro público e menos com tarefas menos importantes.
Quem zela pelo bom emprego do dinheiro público, quem prega eficiência na gestão administrativa quer essas explicações. Bolsonaro tem uma escolha a fazer: prova que não sabia e faz algo para corrigir ou passará a ideia de que aliados fazem a farra com nosso dinheiro aos olhos do presidente, pois até as pedras da Esplanada dos Ministérios sabem que não dá deixar o centrão manejar dinheiro sozinhos.