“Turnê de Taylor Swift está impulsionando a economia, diz Banco Central dos EUA”, “Taylor Swift é a primeira mulher a ter quatro álbuns no Top 10 da Billboard”, “Taylor Swift presenteia caminhoneiros de sua turnê com US$ 100 mil cada”, “Fãs de Taylor Swift geram atividade sísmica equivalente a um terremoto”, “Milhares de fãs acompanham shows do lado de fora dos estádios”, “Como a turnê de Taylor Swift conquistou o mundo”. Se ninguém chamou sua atenção para alguma dessas manchetes nas últimas semanas, é provável que não exista uma “swiftie” em sua vida.
A colossal tribo de fãs de Taylor Swift é majoritariamente feminina, jovem e entusiasmada. Algumas swifties ainda precisam da companhia dos pais para ir a shows. Outras são mulheres feitas e cresceram ouvindo a cantora de 33 anos desde a adolescência – seu primeiro disco é de 2006. São elas as principais responsáveis pelos números estratosféricos associados à turnê que chega ao Brasil em novembro, com entradas para os quatro shows esgotadas em questão de minutos. Nos Estados Unidos, foram vendidos mais de 2 milhões de ingressos. Em um único dia.
Quem é incapaz de citar o título de uma música sequer da artista que o New York Times definiu como “um rolo compressor comercial e cultural” deve estar se perguntando o que que a baiana tem. Para começar, Taylor Swift é inteligente e ousada na maneira como conduz sua carreira. Toma decisões artísticas e investe sua energia (e dinheiro) segundo parâmetros que ela mesma define. Depois de levar uma rasteira do executivo de uma gravadora anos atrás, decidiu regravar seus seis primeiros álbuns e voltar a ser dona da própria música. Contando com a fidelidade dos fãs, roubou de volta sua audiência nas plataformas de streaming e concebeu a atual turnê como uma grandiosa celebração das diferentes fases de sua carreira. Grandiosa em todos os sentidos: o show tem mais de três horas de duração.
Mas o excepcional tino para negócios explica apenas metade da missa. Além de pop star com vocação para lotar estádios, Taylor Swift tem um notável talento para escrever letras intimistas desde um ponto de vista muito específico: o das garotas nativas digitais que aprenderam a conduzir sua vida amorosa na era do Me Too e das redes sociais e se interessam pela perspectiva feminina em relação a todos os assuntos – na vida como na arte.
Conectada com a sensibilidade das fãs, Taylor Swift tornou-se uma das principais vozes de sua geração. Você pode não gostar dela, mas sua filha gosta.