A pandemia deu origem a um personagem muito ativo nas redes sociais: o fiscal do desapego. Se o Itaú doou R$ 1 bilhão, poderia ter dado o dobro. Se Mark Zuckerberg (Facebook) doou US$ 25 milhões, foi um pingo d'água comparado a Jack Dorsey (Twitter), que entrou com US$ 1 bilhão. Se uma empresa doa produtos para hospitais ou trabalhadores da saúde, está fazendo marketing. Se doa comida, não faz mais que a obrigação. Se uma celebridade arrecada doações em suas redes sociais, está se aproveitando da crise para se promover. Se distribui um valor considerado baixo demais, está sendo mesquinho, pão-duro, mão-de-vaca. E assim vai, e assim vamos: elogio que é bom, nunca – ou quase nunca. Xuxa, uma das primeiras celebridades brasileiras nesta pandemia a tornar pública sua doação (R$ 1 milhão), resumiu a situação: "Se não ajudo, criticam. Se ajudo, quero aparecer".
Doações
O Brasil entende muito de assistencialismo e pouco de investimento social
Ainda precisamos de quem dá o peixe, mas precisamos cada vez mais de quem ensine a pescar
Cláudia Laitano
Enviar email